RMF: Mulheres perdem espaço no mercado de trabalho

Cerca de 28 mil pessoas entraram no mercado de trabalho no ano passado. Desse total, 7 mil são mulheres e o triplo (21 mil) são homens A taxa de participação feminina caiu de 50,6% para 50,1% entre os anos de 2011 e 2012, segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT).

As mulheres enfrentam grandes desafios no mercado de trabalho e ainda representam mais da metade da população desempregada. Quando empregadas, recebem menores rendimentos do que os homens. A constatação é do Boletim Especial Mulheres, divulgado na última quarta-feira (06/03) na Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Ceará (STDS), em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, festejado em 8 de março.

O estudo foi desenvolvido com base na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) realizada mensalmente pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O Boletim faz parte da série iniciada em 2009 e é divulgado anualmente.

Dados

Em 2012 foram gerados apenas 8 mil postos de trabalho (32%) para as mulheres, enquanto o número para os homens alcançou a marca de 17 mil vagas (68%). Os dados apontam que, para cada novo posto de trabalho ocupado pelas mulheres, havia cerca de dois postos para os homens, ratificando que as oportunidades de trabalho não foram, equitativamente, distribuídas por sexo. A taxa de participação feminina variou negativamente, passando de 50,6%, em 2011, para 50,1%, em 2012, ligeiramente menor do que a participação de 50,9%, de 2010.

Setores

O Boletim destaca que, em 2012, a geração de postos de trabalho foi muito centralizada no Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (18 mil ocupações), Serviços (14 mil), e Construção Civil (2 mil). A Indústria de transformação eliminou 5 mil postos de trabalho.

Os setores de Serviços e Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas são os dois maiores empregadores da RMF, respondendo por 71,6% da ocupação. Das 32 mil novas ocupações, 72% foram ocupadas por homens, e 28% por mulheres. Em 2012, as oportunidades de trabalho para as mulheres só foram ampliadas nesses dois setores, e em ritmo bem inferior ao dos homens.

As mulheres superam a representação masculina na indústria de transformação (20,1%) e, especialmente, nos Serviços (57,4%). Para o analista de mercado de trabalho do IDT, Mardônio Costa, esses resultados são importantes por dois motivos. “O primeiro é porque mostra que a Indústria demitiu, mas não mulheres, ou seja, houve uma redução do emprego, em geral dos homens [no setor]. O segundo ponto positivo é que a Indústria é o setor mais formalizado, ou seja, isso contribui para o nível de formalização do mercado de trabalho, principalmente feminino”, destacou.

Ocupação

Por sua vez, o contingente de desempregadas recuou de 89 mil, em 2011, para 88 mil mulheres, em 2012 – mil mulheres a menos na fila do desemprego. Para os homens, o número de desempregados aumentou de 70 mil para 74 mil pessoas. A taxa de desemprego da PEA masculina passou de 7,3% para 7,4%, entre 2011 e 2012. Já a taxa de desemprego da PEA das mulheres foi de 10,7%.

Conforme o estudo, embora a quantidade de mulheres desempregadas tenha reduzido e a dos homens aumentado no comparativo anual, relativamente a participação feminina no mercado de trabalho vem decrescendo ao longo dos últimos quatro anos em detrimento da masculina.

O percentual de mulheres ocupadas, que em 2009 representava de 45,9% do total de ocupações, decresceu para 45,8% (2010), 45,3% (2011) e chegou a 45,1% no ano passado. Em contrapartida o índice de homens ocupados é crescente, partindo de 54,1% (2009), para 54,2% (2010), 54,7% (2011) e 54,9% (2012).

Remuneração

Na análise por sexo, as mulheres conseguiram um ganho real um pouco mais elevado (5,4%) do que os homens (4,5%), resultado que reforça a redução da desigualdade da remuneração mensal, consolidando a tendência observada nos últimos anos. Em 2011, as mulheres ganhavam, em média, o equivalente a 72% da remuneração masculina, proporção que cresceu ligeiramente para 72,7%, em 2012.

Opiniões

Para a coordenadora municipal de políticas públicas para a mulher, Larissa Gaspar, a pesquisa é de fundamental importância para a execução de políticas públicas voltadas às mulheres, pois vão subsidiar a elaboração de projetos. “O acesso a esses dados, fornecidos pelo IDT são muito importantes para que a gente subsidie a elaboração desses projetos e para que possamos estar acessando recursos para implementar políticas que contribuam para alterar essas relações de desigualdade”, pontuou.

O coordenador do Dieese-CE, Ediran Teixeira, afirmou que a mulher se insere no mercado de uma forma muito mais precária do que o homem. Segundo ele, o mercado de trabalho na RMF, por si, já é precarizado. “Já pagamos o pior salário dentre as regiões pesquisadas. Temos uma jornada de trabalho muito extensa no Comércio, um nível de informalidade muito grande, a maior proporção de pessoas sem carteira assinada da região”, pondera.

De Fortaleza,
Carolina Campos (com informações de jornais locais)