Juca Ferreira: fazer política pública, só com participação social

Seguindo a linha do festival #ExisteAmoremSP, que levou 20 mil à Praça Roosevelt nas eleições para a prefeitura no final de 2012, o evento trouxe à tona uma “demanda reprimida” de diálogo na cidade.

“Não acredito em política pública construída dentro de gabinete. Política pública exige diálogo”, disse o secretário da Cultura, Juca Ferreira, logo na abertura do encontro. A ideia é que o #ExisteDiálogoemSP seja um espaço permanente de diálogo.

Entre os planos apresentadas por Ferreira na noite de ontem estão a retomada do Conselho Municipal de Cultura, a construção de um Plano Municipal de Cultura, o fortalecimento do protagonismo das periferias, a democratização do acesso à cultura e aos equipamentos culturais, uma política para a noite paulistana e uma programação de eventos durante o ano todo, não só na Virada Cultural. Além disso, Ferreira destacou que o carnaval de rua de 2014 será mais estruturado e defendeu as ruas como espaços importantes para atividades culturais.

O ex-ministro respondeu a diversas questões do público. Sobre o orçamento – menos de 1%, o menor dos últimos anos –, afirmou que é compromisso do prefeito Fernando Haddad elevar a verba para a área a 2% do orçamento municipal.

“Herdamos do legislativo de 2012, do governo anterior, o menor orçamento de uma série histórica dos últimos dez anos. Mas o governo está comprometido a aumentar a verba da Cultura”, garantiu o secretário.

Entre as questões levantadas pelo público, uma recorrente foi sobre programação dos Centros de Educação Unificados (CEUs) e a gestão do Teatro Municipal. A sugestão para os CEUs é que a pasta assuma sua programação e trabalhe em parceria com a secretaria de Educação nesses espaços.

Plano Diretor

Neste ano, o Plano Diretor da cidade de São Paulo será revisado. Para Juca Ferreira, “é preciso que todos os segmentos da cultura paricipem para que ele incorpore a dimensão cultural da cidade”.

Presente no encontro, o vereador Nabil Bonduki (PT) também destacou a importância da participação popular na revisão do Plano Diretor. “É preciso proteger os espaços onde a cultura é feita”, disse, lembrando que muitos estão sendo expulsos pela especulação imobiliária. “Estão aparecendo alguns projetos de lei que querem proibir a ocupação desses espaços”, afirmou Nabil, em referência à proposta do vereador Conte Lopes (PTB) que pretende proibir bailes funks e outros eventos musicais em lugares públicos.

Propostas

O microfone foi bastante disputado na primeira audiência pública com Juca Ferreira. “Ficamos oito anos sem diálogo em SP”, frisou Nabil Bonduki. Entre as falas, muitas ideias, como transporte público 24 horas, ampliação do programa VAI, valorização da cultura negra e o fim da repressão policial contra os artistas de rua.

Segundo Ferreira, esta foi só a primeira reunião. “O diálogo vai ser um grande instrumento de trabalho”, disse. “A vocação de SP não é só importar shows internacionais, mas ser um ponto de visibilidade da produção brasileira e de confluência da internacional.” 

Fonte: SPressoSP