Turismo, ganho para todos

 Por: Flávio Dino

O Brasil tem, nos próximos quatro anos, uma chance histórica no setor turístico. Uma oportunidade que não se repetirá nas próximas gerações: a realização dos principais megaeventos mundiais em um curto espaço de tempo. Este fato dará ao país uma divulgação no mundo nunca antes experimentada por nosso povo. Obviamente, do ponto de vista do turismo, isso tem um peso ímpar. É uma oportunidade para que milhões e milhões de pessoas no mundo todo ouçam, vejam e leiam sobre as belezas, paisagens, costumes, cultura e culinária de nosso país.

Essa oportunidade única não pode ser desperdiçada em razão de problemas em nossa competitividade de preços em relação a outros destinos do mundo. Portanto, é um dever da Embratur, como órgão responsável pela promoção turística do Brasil no exterior, zelar também pela competitividade do setor perante outros destinos no mundo.

É, inclusive, o que consta como uma das missões da Embratur no Decreto nº 6916 de 29 de julho de 2009, assinado pelo então presidente Lula. Portanto, não é uma novidade nossa atuação no tema. Tanto que incluímos o quesito “Preço”, entre os itens a serem avaliados pelos estrangeiros que respondem à pesquisa que fazemos todos os anos com estrangeiros que deixam nosso país.

A partir dos episódios ocorridos na Rio + 20, consideramos que era hora de agir. Criamos, então, uma pesquisa dos preços, comparando a média dos hotéis brasileiros com outros destinos internacionais. Com isso, criamos uma base de dados para poder dialogar com o setor hoteleiro.

Mas hospedagem não é o único quesito que pesa no bolso do consumidor na hora de planejar uma viagem. As passagens de avião também pesam. E pelas grandes distâncias dentro do país e do Brasil em relação a outras nações, o turismo em nosso país é essencialmente aéreo. Por isso, encaminhei ao ministro do Turismo, Gastão Vieira, uma proposta de instituir no Brasil um teto no preço das passagens de avião. As linhas aéreas são concessões públicas de transporte em determinado trecho. Outras concessões, como a construção de rodovias, possuem tetos de pedágio. Por que então não estabelecer o mesmo para passagens de avião?

A presidenta Dilma deu uma diretriz de governo que seguimos na Embratur: estamos fazendo investimentos bilionários na realização dos megaeventos – pagos com dinheiro de cidadãos de todo o Brasil – que precisam ser revertidos em ganhos para o maior número possível de pessoas no país. Por isso, os ganhos não podem ficar apenas nas mãos de alguns empresários de uma parte da cadeia turística com lucros abusivos a curto prazo, impedindo que todo o país tenha retornos de longo prazo com este investimento.

A projeção de imagem que o Brasil terá com os megaeventos deve fazer com que o fluxo turístico no país alcance um novo patamar, gerando ganhos a toda a ampla cadeia produtiva do turismo, do pequeno ao grande. Esse é o nosso principal desafio. Com diálogo e prudência, todos ganharão, por muito tempo.

Flávio Dino, 43 anos, é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal