Fim da obra da refinaria causa desânimo

 

A empresária Núbia Costa Bastos, presidente da Associação Comercial de Bacabeira, informou a O Imparcial, por telefone, que a classe empresarial com negócios no município vem acompanhando com preocupação as informações em torno da possibilidade de se interromper o andamento da construção da Refinaria Premium I. Na última segunda-feira, a representante do empresariado local tinha agendada uma reunião com os responsáveis pela execução da obra, a fim de esclarecer se o trabalho realmente seria paralisado, mas os representantes da Petrobras não teriam comparecido ao encontro. Por conta da insegurança em relação à continuidade da instalação da refinaria, Núbia Costa Bastos disse que muitos empreendedores que criaram expectativa quanto ao futuro promissor de Bacabeira já cogitariam transferir os investimentos para outras cidades.

Esse é o caso do empresário carioca Nilton Santos, que realizava treinamento em segurança e medicina do trabalho com os funcionários do consórcio executor da refinaria no município. Estimando ter investido pelo menos R$ 300 mil nos negócios desde 2010, o empreendedor chegou a manter, além da consultoria especializada, uma clínica de medicina ocupacional e uma loja de equipamentos de proteção individual (EPI), setores que ele avaliou terem se expandido em Bacabeira a partir do anúncio da planta industrial. Nilton Santos informou que mais de mil alunos teriam sido preparados nos treinamentos em diversas áreas oferecidos pela empresa, mas que não ocorreram novas inscrições desde novembro do ano passado.

O empresário afirmou não se sentir frustrado pelo prejuízo sofrido em Bacabeira, pois a perda não o atingiu individualmente, e sim todo o setor em que opera, como resultado do risco que faz parte de qualquer negócio. Como também é professor de segurança e medicina do trabalho em instituições de ensino da região, Nilton Santos disse que até março pretende encerrar as turmas atuais, antes de retornar ao Rio de Janeiro e reassumir a matriz da empresa.

No ramo da construção civil, o comerciante Gilvan Luna avaliou que, após uma considerável expansão, há cerca de dois meses os negócios imobiliários começaram a desaquecer na cidade.

Ele disse que não chegou a fechar grandes negócios diretamente com o consórcio GSF ou com a Petrobras, mas que a maioria absoluta da clientela seria composta tanto pelos operários do empreendimento petroquímico quanto de diversas pessoas que se instalaram em Bacabeira, e desde o início das obras procuraram construir imóveis para morar ou negociar.

Gilvan Luna fez referência a três grandes loteamentos que se instalaram recentemente na cidade, levando ao crescimento da construção civil e à abertura de muitos estabelecimentos comerciais nesse setor. Após o desaquecimento, o comerciante, que também viu reduzir a procura pelos imóveis que mantém para aluguel, estimou que os negócios e empregos ainda subsistem por conta do fornecimento de materiais a outras obras, como o remanejamento da adutora Italuís, as pedreiras que abastecem as mineradoras e o setor de pré-moldados.

Antes de se estabelecer em Bacabeira, a paranaense Deise Koppe Raksa tinha experiência em atender aos trabalhadores da Refinaria Getúlio Vargas, na cidade de Araucária. Atraída ao município maranhense pela perspectiva da instalação da Refinaria Premium I, a empresária no ramo de restaurantes e hotelaria informou que ainda não sentiu o efeito do arrefecimento nas obras, pois sua clientela atualmente seria formada pelos trabalhadores envolvidos na duplicação da BR-135. No entanto, Deise Raksa, que também é proprietária de uma locadora de veículos, disse que vinha planejando expandir os negócios quando se iniciasse a fase de montagem, posterior à terraplenagem. No entanto, a paranaense recordou que o processo de implantação da refinaria no estado de origem durou 10 anos para ser concluído, e afirmou que não pretendia declinar da decisão de ter-se instalado no Maranhão, mesmo que acabasse transferindo os investimentos para outra cidade do estado, como a capital ou Santa Inês.

Fonte: Jornal O Imparcial.