Falência administrativa

 Artigo publicado na edição de ontem (24) do Jornal Pequeno:

A unidade das oposições para vencer em 2014 e reverter o modelo de administração vigente no Maranhão há quase 50 anos foi o eixo central da entrevista concedida pelo deputado Flávio Dino à Radio Capital, reproduzida em jornais e blogs de São Luís. Os baixos índices socioeconômicos do estado e suas consequências diretas na qualidade de vida da população parecem nortear o discurso que, na condição de candidato a governador do Estado em 2014, Flávio Dino pretende levar a conhecimento da população.

Não são ainda pontos de um programa de governo, mas o presidente da Embratur discorre sobre alguns problemas básicos da gestão governamental maranhense, mais precisamente sobre os fracassos da administração e do modelo político implantado no estado. Quando propõe mudanças urgentes no modelo educacional, quando informa que 150 municípios do Maranhão estão sem médicos, quando propõe mudanças no cansado modelo de produção, Flávio Dino traz à tona algumas das principais preocupações da sociedade maranhense nos dias de hoje.

Algumas de suas propostas, como a regionalização da Uema, parecem depender única e exclusivamente de vontade política. Não se concebe, por exemplo, que em apenas duas cidades do Maranhão existam cursos de medicina. O déficit de médicos, apontado pelo próprio Conselho Regional de Medicina, e a concentração de profissionais da saúde na capital são problemas de Estado e precisam ser resolvidos. Embora seja essa uma área tratada com inegável prioridade e competência pelo governo, estes são dois problemas bem antigos para os quais não se tem encontrado solução.

O presidente da Embratur critica também o processo de industrialização do Maranhão, que, em suas palavras, não trazem benefícios concretos aos maranhenses, nem mesmo o da geração de emprego, por absoluta falta de capacitação profissional, porque o Sistema Estadual de Educação não se organiza sequer para corrigir os déficits do ensino médio. Não há cursos profissionalizantes que atendam à demanda da indústria, são escassos os investimentos em tecnologia e os melhores empregos não são ocupados por maranhenses.

Tratar o Maranhão administrativamente a partir de um diagnóstico das potencialidades de cada região e não “à mercê de promessas de grandes projetos que não trazem benefícios concretos à população”, não é uma proposta nova, mas resume um dos mais sérios dilemas desse estado. Falta estímulo para que os municípios desenvolvam suas potencialidades econômicas e as mais graves consequências disso são a pobreza extrema das populações e falta de perspectiva de futuro na juventude.

Com 50 anos no comando do Estado, os modelos político, econômico e administrativo não conseguiram dar respostas a nenhum desses problemas. Falharam e faliram o Maranhão.

Fonte: Jornal Pequeno