ONU incentiva abandono do plantio de coca na Colômbia

Apesar da defesa do uso tradicional da folha de coca, a ONU, através de seu Programa de Desenvolvimento Alternativo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc), incentiva a transição para outros cultivos. Nesta quinta-feira (21), pequenos agricultores colombianos passam a exportar cacau, segundo a Agência Brasil.

Cuiltivo da folha de coca

O programa da ONU atua em comunidades da Colômbia na prevenção do cultivo ilícito da planta de coca, oferecendo alternativas para o plantio de cultivos lícitos, como o cacau e o café orgânico.

É a primeira vez que os produtores exportam grande volume à Europa. Trezentos e sessenta camponeses, de três associações do departamento de Chocó, no noroeste do país, fazem parte do projeto de cultivos alternativos da Unodc.

Segundo a Unidade Administrativa de Consolidação Territorial da Colômbia, a exportação de cacau é emblemática porque é a prova de que o programa de cultivo alternativo é viável. “Isso representa um avanço significativo na luta contra os cultivos ilícitos”, disse o diretor da unidade, Germán Chamorro.

A exportação foi possível graças ao convênio entre a Zotter, empresa austríaca de chocolate, e o governo colombiano. Com a primeira venda ao exterior, a expectativa é que, a curto e médio prazo, mais iniciativas se consolidem, por meio de convênios entre governos, empresas e organismos internacionais. 

A empresa austríaca interessou-se pelo cacau orgânico colombiano e o governo viabilizou a certificação do produto. Os pequenos agricultores conseguiram a Certificação Orgânica Internacional e a Certificação Comércio Justo, duas das mais importantes no mundo.

O representante da Unodc na Colômbia, BO Mathiasen, também destacou a importância da iniciativa. “São essas parcerias que possibilitam a geração de recursos sustentáveis e legais para melhorar as condições de vida de famílias que decidiram deixar de lado a economia ilegal dos cultivos ilícitos de coca”, disse Mathiasen.

O departamento de Chocó é um dos mais pobres da Colômbia, com forte presença de narcotraficantes e grupos armados que produzem e comercializam a cocaína. Vários camponeses da região plantam coca por pressão desses grupos; por outro lado, também há movimentos sociais que defendem o uso tradicional da folha, como a Coordenação Latino-americana de Organizações do Campo. Um de seus lemas é: "não às falsas soluções do capitalismo verde, agricultura campesina já!"

Ainda, o presidente boliviano Evo Morales manifesta-se regularmente contra a proibição internacional do mastigar da folha de coca, defendida pelos EUA e outros países no âmbito da ONU. "A folha de coca se mastiga, e não se proíbe," diz Evo, com base na tradição andina. Em maio, o governo boliviano publicará um estudo amplo sobre a folha da coca financiado pela União Europeia, segundo o vice-ministro de Defesa Social, Félipe Cáceres.

Com agências,
da Redação do Vermelho