América Latina: o povo em movimento por justiça social

Nos últimos anos foi fácil observar opiniões pessimistas em relação ao papel dos movimentos sociais na luta política. Em depoimento à Rádio Agência NP, Roberta Traspadini, professora da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), discorre sobre a questão e destaca que, mais do que, nunca os movimentos sociais fazem a diferença.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho com informações da Rádio Agência NP

Segundo Traspadini, o cenário da América Latina ultrapassou a postura daqueles que acreditavam que chegamos ao "fim da história", com a etapa do domínio do capital financeiro internacionalizado, com o fim da luta de classes e com o suposto fim das revoluções.

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"A história real, ontem e hoje, é a do movimento dos povos na luta por sua libertação. Movimento cuja forma e o conteúdo não podem ser compreendidos através de um modelo predeterminado sobre o que é, e como deve ser a luta revolucionária. São movimentos em movimento. Logo, as contradições quando aparecem, explicitam, na substância da luta de classes, as dificuldades reais vivenciadas por cada um dos povos latinos na luta cotidiana contra os opressores, exploradores", pontua Traspadini, que também é pesquisadora da  Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF).

A pesquisadora cita como exemplo a Venezuela, o Movimento dos Sem Terra (MST) e Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN).

Venezuela

Sobre a Venezuela, ela afirma que a posse do presidente Hugo Chávez realçou o poder popular, quando milhares de venezuelanos fizeram vigorar seu voto nas ruas, e com sua voz clamaram, em alto e bom som, para toda a América, que Chávez estava presente, tardasse o tempo que fosse necessário para sua posse oficial. 

Movimento Zapatista

No caso do México, Traspadini lembrou da manifestção realizada em  21 de dezembro, enquanto a mídia burguesa mundial se deliciava com a interpretação equivocada sobre o fim do mundo supostamente realçado pelos nossos ancestrais maias, os zapatistas saíram numa marcha silenciosa, com 40 mil participantes indígenas, cujo grito era evidente. Milhares de pessoas se uniram à luta zapatista.

MST

No que se refere à luta do MST, ela destacou que o movimento enfrenta muitas dificuldades frente ao novo modelo do capital, o agronegócio. E lembrou que além da reforma agrária, o MST deu visibilidade a muitas outras lutas políticas da classe trabalhadora: educação, trabalho, terra, dignidade, cooperação para agroindustria autogestionaria e recuperou a agroecologia, sendo referencia para muitos movimentos sociais no Brasil e em todo mundo.  

E finaliza: "Os movimentos sociais na Venezuela, na Bolívia e no Equador conseguiram, na disputa eleitoral, colocar nomes que legitimavam seus anseios".

Acompanhe a íntegra do programa: