Fortaleza: Prefeito questiona quatro atos da gestão anterior

O prefeito avalia seu primeiro mês de gestão, fala sobre a nomeação de políticos para o segundo escalão e detalha a implantação do Bilhete Único. Leia a seguir na íntegra da entrevista realizada pelo Jornal O Povo e publicada nesta segunda-feira (04).

Há poucos dias, o prefeito Roberto Cláudio (PSB) completou um mês à frente da gestão. Passado o diagnóstico inicial, os próximos meses deverão ser de ajustes, principalmente no quadro de pessoal e na área financeira. RC aponta quatro atos da ex-prefeita Luizianne Lins (PT) que já foram questionados pela nova gestão e fala sobre o perfil mais político do segundo escalão. Sobre isso, o prefeito diz que em nenhum momento prometeu que não haveria políticos na administração.

Como o senhor avalia o primeiro mês à frente da gestão?

Foi um primeiro mês de muito trabalho, de diagnóstico dos problemas da Prefeitura e também de preparação de algumas ações. Consegui recursos importantes com o Governo do Estado, que foi muito solidário. A presidente (Dilma Rousseff) acenou apoio a diversas áreas da Prefeitura e isso é importante. Conseguimos reaver algumas verbas públicas que tínhamos perdido por falta de documentação e de contrapartida. Então foi um mês de diagnóstico, de planejamento, mas também de ação.

O senhor acha que as nomeações do segundo escalão foram baseadas na acomodação dos partidos aliados na gestão?

Não, isso foram vocês que disseram. Primeiro: se você parar para pensar, são 32 secretários executivos. Quantos são, eventualmente, mandatários ou ex-mandatários? Segundo: em nenhum momento eu disse que o governo iria ser composto por pessoas não políticas. O que busquei sempre foi conciliar o perfil de pessoas técnicas, probas e que tivessem habilidade política.

Como está o andamento para a implantação do Bilhete Único?

Meu compromisso é iniciar o Bilhete Único até junho. A primeira coisa é a gente montar o modelo, fazer estudos de cada uma das linhas, o quanto demora, qual é o tempo ideal em cada caso. Nossos técnicos já estão trabalhando nisso. O que estamos propondo são duas horas (tempo limite de integração). Vamos decidir se será um pouco mais ou um pouco menos, mas são duas horas com a mesma passagem para fazer quantas integrações quiser. Estamos fazendo estudos de cada uma das bacias da cidade. Depois disso, vamos chamar o Sindiônibus para apresentar nosso modelo. Aí já vamos implementar e vamos calculando qual o impacto disso.

Então o impacto só será pensado após a implantação?

Caso tenha impacto financeiro, a gente só vai saber quando funcionar. As pessoas vão usar mais. Quanto mais se usar a integração, menos os terminais vão ser usados. Vamos saber se vai ter custo adicional da passagem. Se tiver, a gente vai discutir e subsidiar isso, buscando mais redução tributária.

O senhor tem falado muito sobre as dívidas da Prefeitura. Algum projeto que o senhor pensou para o início de gestão vai ficar comprometido?

Não, porque estamos muito confiantes nas medidas administrativas que estamos fazendo, de economia de custeio. Isso vai nos permitir, ao longo desses seis meses, não só pagar o que se deve como também ter fôlego para no segundo semestre já ter contrapartida para nossas ações.

O senhor já tem prazo definido para o enxugamento prometido em relação aos terceirizados?

Já estamos fazendo, com quem não trabalha ou onde há dois em vez de um. Onde há excesso e onde há profissional que não trabalha, estamos demitindo, porque isso é desperdício de dinheiro público. Acho que entre fevereiro e março a gente tem como, em cada órgão da Prefeitura, dizer de quanto vai ser essa redução.

O senhor disse que atos da ex-prefeita nos últimos dias de gestão estavam sendo analisados. Já existe definição sobre quais serão questionados judicialmente?

Já entramos contra a licitação das vans, o aumento da passagem de ônibus, o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) de dano ambiental do North Shopping e o TAC das dunas do Cocó. Estamos avaliando ainda outros TACs, licitações prorrogadas e vários contratos assinados na última semana de dezembro. O que for legal, vamos manter. O que acharmos que tem fragilidade legal, vamos questionar. Não temos prazo para isso. A Procuradoria está tendo cuidado em ouvir as partes para tomar uma decisão.

Fonte: O Povo