Ehud Barak diz acreditar na solução de dois Estados

Participante na Conferência de Munique sobre Segurança que aconteceu entre os dias 1º e 3 de fevereiro, o ministro da Defesa e primeiro-ministro adjunto israelense Ehud Barak fez uma abordagem geral sobre o Oriente Médio neste domingo (03), falando do Irã, do Egito e da Palestina.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho

“Acredito firmemente na solução de dois Estados e tentei alcançá-la quando fui primeiro-ministro”, disse Barak, referindo-se ao governo que liderou entre 1999 e 2001. Afirmou ainda ser esta a posição do atual primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, dando como exemplos discursos em universidades e conversas com o lobby israelense nos EUA, o AIPAC, assim como com o próprio presidente Barack Obama. “Esta é a nossa posição oficial”, concluiu.

Barak é ministro da Defesa desde 2007, quando Ehud Olmert era primeiro-ministro, e esteve envolvido em ao menos duas grandes operações militares contra a Faixa de Gaza, uma em 2008-09, em que cerca de 1400 palestinos morreram em menos de um mês, e outra em novembro de 2012, quando quase 170 palestinos morreram em uma semana.

Já o atual primeiro-ministro Netanyahu, reeleito em janeiro, permanece sistematicamente aliado à direita ultranacionalista e aos grupos religiosos sionistas, irredutíveis quanto a qualquer concessão aos palestinos. Além disso, continua aprovando e anunciando projetos de assentamentos em territórios palestinos, incluindo a destruição massiva de residências e outras infraestruturas palestinas.

Recentemente, o anúncio de construções em uma área chamada Leste 1, na região de Jerusalém Oriental (Palestina), isolando-a de outros territórios palestinos, provocou a reação de atores internacionais que já se afirmaram preocupados com a sustentabilidade de uma solução de dois Estados nessas condições. A constante ocupação israelense de territórios palestinos, baseada em políticas de Estado, além do bloqueio efetivo contra a Faixa de Gaza são duas das principais problemáticas apontadas pelos palestinos e pelos 134 países que apoiaram o seu reconhecimento como Estado soberano na ONU.

Novo regime no Egito e relações com o Irã

“Esperamos que o novo regime no Egito respeite seus compromissos internacionais e o acordo de paz com o Israel” para manter a paz, disse Barak, mencionando o conflito sobre o deserto do Sinai. “Eu não gosto dos objetivos de longo termo” da Irmandade Muçulmana e sua aliança com o Hamas, continuou Barak. A postura da Irmandade “cria tensões submersas em outros reinos e emirados árabes moderados, mas espero que o pragmatismo se sobreponha; eles precisam alimentar os egípcios, criar empregos, de turismo, e de investimento estrangeiro direto”, alertou o ministro.

Sobre o programa nuclear iraniano, Barak disse na haver dúvidas quanto ao seu objetivo bélico, citando relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)}; segundo ele, alguns dos equipamentos encontrados nas instalações iranianas “não são necessários para outra coisa se não armas nucleares”, sem citar que equipamentos são ou a postura iraniana sobre o assunto. “Estamos determinados a impedir o Irã” de obter tecnologia nuclear, disse o ministro.

“Quando dizemos isso, nós esperamos outros se empenharem nisso também”, concluiu Barak, que afirmou que o Irã vai “aumentar o patrocínio ao terror em toda a região”, empenhando-se na retórica mais comum para justificar, sob os olhos do Ocidente navegado pelos membros da Otan, todas as intervenções militares recentes. “Onde puder se encontrar [terrorismo], você poderá encontrar as digitais iranianas”, disse Barak.

Contudo, o Irã nega categoricamente o propósito de construir a bomba atômica e reafirma o caráter pacífico do seu programa nuclear. As palavras de Barack e Netanyahu são reveladoras do ânimo de confrontação e das intenções belicistas das autoridades sionistas israelenses.