Eric Hobsbawm, um gigante da história

Ele foi o historiador das revoluções e do século 20, com cuja trajetória sua vida praticamente se confundiu: nascido em 1917, ele viveu até 1º de outubro de 2012, quando se despediu da vida aos 95 anos de idade.

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Eric Hobsbawm foi o grande historiador do século, arguto observador das mudanças políticas e sociais e grande pesquisador que colocou, em bases sólidas e reais, a compreensão das mudanças que, iniciadas com a revolução francesa de 1798, passaram pela primavera dos povos de 1848, pela Comuna de Paris, de 1871, pela grande revolução bolchevique de 1917, pela grande guerra de 1939-1945, e pela derrocada da União Soviética e do socialismo no leste europeu, em 1989-1991.

Sua história pessoal se confundiu com a do século 20, o pequeno século 20 como ele o caracterizou, compreendendo-o entre os limites temporais da Revolução Russa ao fim da União Soviética. Ele foi testemunha pessoal, quando rapaz, da ascensão do nazismo na Alemanha, experiência determinante para sua adesão ao marxismo e ao comunismo, e fundamento de sua convicção da necessidade da revolução. Assistiu ao desastre da 2ª Grande Guerra e, historiador consequente, encarou a vitória soviética sobre as forças de Hitler como o acontecimento basilar para explicar a história do século 20 e também para valorizar a experiência soviética de construção do socialismo, apesar dos erros que ocorreram.

Foi o maior historiador de nosso tempo, solidamente baseado num método do qual nunca se afastou. Não aderiu a modismos e, quando o fracasso da construção do socialismo no Leste Europeu levou tantos intelectuais para o outro lado das barricadas, abandonando o pensamento avançado, Hobsbawm surpreendeu a todos, mantendo-se fiel ao pensamento herdado de Marx e Engels e, mais do que isso, atribuindo a ele, corretamente, a condição de único método capaz de permitir a compreensão profunda e correta daqueles acontecimentos.

O marxismo foi, para ele, ferramenta conceitual não apenas para o exame das condições da revolução mas também para compreender a própria evolução, suas contradições, avanços e recuos. E também instrumento teórico essencial para compreender a natureza e as transformações do próprio pensamento marxista. A tarefa do historiador, disse certa vez, não é meramente descrever os acontecimentos, mas explicar como e porque o mundo muda, e não há outro instrumento capaz de cumprir esta tarefa senão o pensamento marxista.

Foi um historiador e um homem de seu tempo. Seus escritos serão cada vez necessários para quem quiser compreender as mudanças vividas pelo mundo desde a revolução francesa de 1789 até as contradições e conflitos do século 20 e o limiar da nova luta pelo socialismo, no início do século 21. Foi um gigante do pensamento voltado para a ação transformadora.