Putin fala ao Parlamento: edificar uma Rússia forte e próspera

O presidente Vladimir Putin dirigiu hoje a sua tradicional mensagem anual à Assembleia Federal, na qual, definiu como principal prioridade de seu governo edificar uma Rússia rica e próspera, mas forte, capaz de preservar sua independência e soberania, em tempos de mudanças cardeais e conflitos em escala global.

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A mensagem deste ano foi dedicada na íntegra à "agenda do futuro". Se, em 2000, após a eleição para o primeiro mandato, ele apontava a necessidade de salvaguardar a integridade territorial do país, reforçar a hierarquia do poder e combater a miséria, hoje ele anunciou outras perspectivas de desenvolvimento da Rússia no futuro próximo.

"No século 21, a Rússia deve ser um país soberano e influente neste mundo, onde se configuram novas forças econômicas, militares e de civilização", disse o mandatário.
"Como se sabe, desde o início dos anos 2000, a Rússia duplicou o PIB, tendo reduzido a taxa de inflação e a dívida pública, o que fez crescer a confiança dos russos em relação ao Estado. Todavia, estes êxitos palpáveis não deixam a Rússia, como parte integrante e significativa do mundo, à margem dos atuais desafios sérios", considerou Putin.

"Na etapa presente, a nossa tarefa consiste em criar uma Rússia próspera. Por isso, os próximos anos serão decisivos ou até cruciais não só para nós, mas também para o mundo inteiro, que entra em uma época de transformações ou, se calhar, de perturbações cardinais. O desempenho global se torna cada vez mais desequilibrado: vão amadurecendo novos conflitos de caráter econômico, geopolítico e étnico. A concorrência pelos recursos naturais e, sobretudo, humanos também se torna mais cerrada. A questão da liderança dependerá tanto do potencial econômico, como das potencialidades humanas e do dinamismo e progresso de cada nação."

Para Vladimir Putin, a Rússia tem de aumentar o seu crescente papel geopolítico no que tange aos aspetos econômico, cultural, diplomático e militar que cimentam a sua segurança e a soberania. Ao esboçar os princípios nos quais se fundamenta o Estado, Putin afirmou que os russos não devem desaparecer enquanto nação, devem "conservar sua identidade nacional", frases aplaudidas pelo auditório.

"Partilhamos os princípios democráticos universais. No entanto, a democracia russa passa exclusivamente pelo poder do povo. Podem alternar-se os partidos no poder, governos e Presidentes, mas os alicerces do Estado e da sociedade não devem ser alterados. Nem se pode pôr em causa a linha de continuidade do desenvolvimento do país ou rever a questão dos direitos e das liberdades de cidadãos. A democracia não se limita à possibilidade de eleger o poder, deve também assegurar o seu controle eficiente," disse.

Em sua mensagem, o Presidente russo deteve-se ainda no controlo social sobre a elite nacional, tendo-se solidarizado com as iniciativas viradas para tornar públicas as despesas e as receitas de altos funcionários públicos, bem como os seus bens no estrangeiro. Putin destacou a baixa eficácia do poder e a corrupção como um dos maiores problemas do Estado russo, tendo asseverado que o combate a estes flagelos constituirão uma das linhas prioritárias da política interna.

Uma parte considerável do discurso presidencial foi dedicada à política econômica. O líder russo assinalou a necessidade de elevar a transparência da campanha de privatizações, restringir o papel dos órgãos de supervisão e reestruturar o atual modelo econômico que hoje em dia se baseia no setor de matérias-primas. A economia russa carece de setores altamente tecnológicos e de avançadas indústrias inovadoras, acrescentou. Ao mesmo tempo, os problemas globais não podem ser solucionados em separado, adiantou Putin dizendo que as tendências integracionistas que se verificam em várias regiões do mundo são um processo natural. A Rússia não fica à parte destes processos, acentuou.

"Vai crescendo o interesse em relação aos processos integracionistas na América, na Europa e na Ásia. A Rússia tem de seguir rumo a uma estreita integração. Um exemplo disso são a União Aduaneira e o Espaço Econômico Comum criados pela Rússia, o Cazaquistão e a Bielorrússia e que já funcionam com êxito. Procedemos à instituição da União Econômica Euro-Asiática e devemos seguir esta via de cooperação."

Com agências