Conferência intercontinental discute paz e desarmamento

Paz, desarmamento e alternativas sociais ante a Otan Global. Esse é o tema da Conferência Intercontinental que será realizada nos próximos dias 13 e 14 de dezembro, em Buenos Aires, Argentina. O evento é promovido pela Rede Internacional Não à Guerra – Não à Otan, pelo Círculo Latino-americano de Estudos Internacionais do México e pela Assembleia Permanente pelos Direitos Humanos (ADPH) da Argentina.

O objetivo é analisar e discutir as políticas e estratégias mundiais da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan) e suas consequências para a América Latina, já que para os organizadores da Conferência, "a Otan nunca foi uma fonte de paz e segurança” e existe apenas para "preservar os interesses econômicos e estratégicos das potências ocidentais, especialmente dos Estados Unidos”. "Mina o sistema das Nações Unidas; não é democrática, é agressiva e perpetua uma ordem internacional injusta e obsoleta”, detalham.

Por isso, a Conferência também se propõe a pensar alternativas políticas, sociais e humanas que o Sul Global oferece para a paz, a segurança e o meio ambiente. Neste sentido, a Conferência acontece no marco da entrega do Prêmio Nobel da Paz para a União Europeia em Oslo (Noruega), e sua mensagem de abertura será feita por Adolfo Pérez Esquivel, ativista argentino, defensor dos direitos humanos e Prêmio Nobel da Paz.

"As intervenções neoliberais e neocolonialistas no sul global impulsionadas pelos Estados Unidos e União Europeia, impactam a sociedade, a economia e a política latino-americanas, aceleram a violência – especialmente contra as mulheres –, o narcotráfico, o contrabando de armas, a migração interna e a militarização da região. As mulheres são sempre um objetivo primordial em toda classe de violações aos direitos humanos; isso é evidente na América Latina”, explica Luis Gutiérrez Esparza, no site do evento.

Para discutir sobre essas questões, serão realizadas sessões plenárias, painel de discussões e debate público. O primeiro painel abordará o tema "Agressões neocolonialistas contra a América Latina no século 20 e na atualidade”, em seguida, vem "Otan global: Guerras de intervenção e bases militares”, "O papel atual dos Estados Unidos e da União Europeia na América Latina” e "Militarismo na América Latina”. O primeiro dia será encerrado com exibição de vídeo e debate sobre bases militares estrangeiras e direitos humanos.

No segundo dia, os painéis abordam "Alternativas políticas, sociais e ambientais para a paz na América Latina”, "Paz com a Natureza”, "Novos e emergentes blocos alternativos: Mercosul, Alba, Unasul, Celac”, "Sociedade e alternativas: bem viver e socialismo no século 21” e "Ações para um futuro pacífico e sustentável”.

Participam do evento organizações como o Conselho Mundial da Paz, Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, o Círculo Latino-americano de Estudos Internacionais (Claei), Soa Watch, Mães da Praça de Maio e especialistas.

"O evento é uma reflexão sobre a Otan. E a gente sabe que a humanidade fica muito mais ameaçada hoje, porque a Otan, após a queda dos países do Leste, ao invés de deixar de existir, foi fortalecida. Era tratado de agressão contra os países socialistas. Hoje, tem um alcance mundial, atua contra qualquer país, sob os pretextos mais variados", diz Socorro Gomes, presidenta do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz. Ela embarca nesta quarta (12) para Buenos Aires e participará do debate "Alternativas políticas, sociais e ambientais para a paz na América Latina”.

Ao Vermelho, Socorro explica qual a relação da Otan com a América Latina. "A Otan está a serviço dos Estados Unidos e de países da Europa. E a Otan está presente aqui na região, nas Ilhas Malvinas, nos colonatos franceses, por exemplo. Tem bases aqui na América Latina. E os Estados Unidos também têm bases e têm a 4ª Frota. Então analisaremos essas ameaças e como os povos podem derrotar esse sistema neocolonialista e essa visão militarista", diz Socorro, sobre a Conferência.

O evento acontecerá no salão Arturo Illia do Senado, no Palácio do Congresso Nacional da Argentina, mas também poderá ser acompanhado através das redes sociais: Facebook – ConferenciaporlaPazorg; no Twitter – @ConferenciaPaz e pelo Youtube – ConferenciaporlaPaz

Socorro também participará, em Buenos Aires, do aniversário de 75 anos da Liga de Direitos Humanos argentina, que acontece no próximo dia 15. A Liga foi fundada em 20 de dezembro de 1937 para lutar contra a repressão derivada do golpe de 1930. Abrigou diversos movimentos de vítimas da ditadura e, na atualidade é querelante em vários julgamentos por crimes de lesa-humanidade.

Para mais informações sobre a conferência, acesse: http://www.conferenciaporlapaz.org/es/

Da Redação do Vermelho, com Adital