Brasília se despede de Niemeyer

Corpo do arquiteto voltou ao Rio de Janeiro, onde será velado hoje até ser sepultado, às 17h30

O velório de Oscar Niemeyer, morto na quarta-feira, a dez dias de completar 105 anos, fez fila ontem na rampa do Palácio do Planalto. Quando seu caixão chegou, às 14h30, coberto pela bandeira do Brasil, 300 pessoas já esperavam, entre elas a viúva do arquiteto, Vera Lúcia, ao lado da presidente Dilma Rousseff, que decretou luto de sete dias.

Às 20h, o caixão voltou ao Rio, para cerimônia fechada, só para amigos e parentes e novo velório aberto, hoje de manhã até 17h30, para quando está marcado o sepultamento, no cemitério São João Batista, em Botafogo.

Uma coroa de rosas brancas "ao querido amigo" foi mandada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Também enviaram flores a UNE (União Brasileira dos Estudantes) e governos como os do Rio de Janeiro e de Minas Gerais – onde Niemeyer fez seu primeiro grande projeto, da Pampulha. O "espírito inovador desse grande arquiteto, cuja obra, como ultrapassou fronteiras, certamente, transporá o tempo", declarou o governador mineiro, Antonio Anastasia.

Sobre os palácios de Brasília, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), presente ao velório, ressaltou que "não é à toa que as pessoas dizem que o plenário do Senado parece o céu". Os presidentes do Senado, José Sarney; da Câmara, Marco Maia, e do STF, Joaquim Barbosa; também foram à cerimônia, mas a primeira a chegar, segundo "O Globo", foi a doméstica Simone Souza, 35, admiradora de sua obra, que percorreu 164 km desde Unaí (MG).

Homenagens

Niemeyer recebeu homenagens internacionais, como dos presidentes da França, François Hollande, e de Cuba, Raul Castro, e do secretário da ONU, Ban Ki-moon, que destacou Brasília, Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

Também o lembraram artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso, que, em 1968, já citava o "monumento no Planalto Central" na letra de "Tropicália".

O arquiteto Jair Valera, que trabalhava com Oscar Niemeyer há mais de 20 anos, não sabe qual será o destino do escritório de arquitetura do mentor: "sempre me perguntei como seria isso, vamos ver agora", disse.

O neto de Oscar, Kadu Niemeyer, revelou que pretende dar continuidade aos projetos do avô que ainda não saíram do papel. Inclusive, ele já teria procurado a prefeitura do Rio e mostrado alguns trabalhos.