Integrantes do MST deixam Catetinho e ocupam outra área

Integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST) e o GDF decidiram migrar o acampamento da Fazenda Gama para as margens da DF-001, em Santa Maria.

Foram quase dez horas de negociação sob clima tenso para que enfim houvesse retirada de aproximadamente cem manifestantes. A ameaça era de resistência à ação da tropa de choque da Polícia Militar, mas antes que houvesse confronto, o grupo decidiu deixar o local.

Os sem-terra começaram a ocupar a área de 175 hectares da Terracap na noite de terça, quando desocupavam a área pública próxima ao Catetinho. No entanto, a retirada do novo local só aconteceu às 17h, após a intervenção de 250 policiais militares, incluindo a cavalaria.

Ao todo, 13 barracas foram retiradas por equipes da Secretaria de Ordem Pública e Social do DF (Seops). integrantes do movimento só começaram a deixar o local após um acordo com o GDF de que dois caminhões transportariam os pertences para as duas áreas de assentamento do MST, em Brazlândia e Planaltina. Além disso, uma reunião com o governo foi agendada para hoje, às 18h.

Repressão

O comandante da operação de retirada, tenente coronel Jean Rodrigues de Oliveira, ressalta que os policiais começaram a agir com a demonstração do uso de força quando 80 integrantes do MST ocuparam a chácara Saia Velha, em Santa Maria, para se deslocarem a DF-001 em apoio aos colegas.

“Eles foram interceptados, mas a desocupação foi realizada de forma pacífica. Os manifestantes ficaram receosos ao ver que a polícia estava disposta a agir”, diz. Oliveira ressalta que na noite passada pelo menos duas viaturas estariam no local para coibir a retomada da invasão.

Segundo os integrantes do MST, o motivo da ocupação era a ausência de propostas apresentadas pelo GDF. “Só saímos daqui mortos. Estamos prontos para o confronto”, disse um dos líderes do movimento, Edmar Tavares.

O Palácio do Buriti classificou a movimentação do MST como uma quebra de acordo. Segundo o porta-voz oficial do GDF, Hugo Braga, o governo considera inaceitável qualquer ocupação irregular. “Queremos seriedade e não dá para fornecer novos prazos, por isso o GDF está atuando com firmeza. A determinação é não permitir novas invasões”, resumiu. O secretário de Governo, Gustavo Ponce de Leon, afirmou que o GDF está investigando se existem pessoas com interesses diferentes da reforma agrária infiltrados no movimento.

“Sabemos que podem existir pessoas mal intencionadas, que buscam o lucro fácil. O governo continuará respeitando os legítimos movimentos sociais. Com eles trataremos com respeito, negociação e políticas públicas. Agora, quem se comporta com crimes, vamos tratar criminalmente”, disse o secretário. Atualmente, o governo tem cadastradas duas mil famílias dentro do processo de reforma agrária em assentamentos e pré-assentamentos.

O secretário alega que o governo possui projetos para fomentar a agricultura familiar.