Famílias sem-terra iniciam desocupação de fazenda no DF

As cerca de 400 famílias do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) acampadas há quase quatro meses na fazenda Gama Catetinho começaram uma desocupação pacífica da área nesta segunda-feira (3). A saída dos trabalhadores das terras que pertencem ao governo do Distrito Federal foi acordada, depois de uma reunião entre representantes do movimento social e da Ouvidoria Agrária Nacional, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

A propriedade fica a mais de 20 quilômetros do centro de Brasília. O ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, explicou que o GDF se comprometeu a fornecer lonas e transporte para as famílias acampadas e garantiu que as viaturas da Polícia Militar que estavam no local já deixaram o acampamento para garantir a tranquilidade na retirada dos trabalhadores.

“Também serão distribuídas cestas de alimentos para as 400 famílias até o final dessa semana”, disse. “Acertamos também que haverá reunião com o GDF imediatamente após a desocupação da fazenda. Pode ser ainda hoje se a desocupação for concluída hoje, ou amanhã”, acrescentou.

“Acreditamos que até quarta-feira [5] a área estará livre. São muitos barracos, é necessário tempo e calma para que seja uma saída pacífica”, disse Edmar Tavares, um dos porta-vozes do acampamento. Durante toda a tarde, o movimento foi intenso no local. Muitos carros entravam e saíam da fazenda com os pertences dos manifestantes. Até o final do dia, cerca de 70 famílias já tinham deixado a área, conforme Tavares.

Três carros da Polícia Militar e agentes da Secretaria de Estado da Ordem Pública e Social do Distrito Federal acompanham a desocupação. Não foi informado o local de destino das famílias. Segundo Petra Magalhães, outra porta-voz do acampamento, este é um problema que será administrado pelo MST.

A coordenadora nacional do MST no Distrito Federal, Maria Lucimar Nascimento da Silva, disse que o movimento não vai divulgar o local para onde as famílias serão levadas. Segunda ela, a expectativa dos trabalhadores é conseguir um posicionamento do governo local em relação a toda questão agrária na região.

“O governo do Distrito Federal não veio para a mesa [de negociações hoje] porque disse que não negocia enquanto a área não estiver desocupada. Então vamos desocupar. Mas não estamos discutindo só o problema do Acampamento 22 de Agosto [uma menção à data em que a fazenda foi ocupada], mas a reforma agrária que está abandonada no Distrito Federal”, disse.

Segundo Lucimar, desde março deste ano, o movimento tenta marcar uma reunião para definir as prioridades dos trabalhadores sem terra, mas o o governo do DF ainda não agendou uma data para o debate.

“O Fórum da Reforma Agrária do Distrito Federal não está atendendo as demandas da reforma agrária. Não tivemos avanço. O único avanço até agora foram as intervenções da ouvidoria agrária em relação à violência contra o movimento”, criticou, destacando que o MST na região reivindica o assentamento regularizado de quase 2 mil famílias.

Com informações da Agência Brasil e da UOL