Documentário sobre Carlos Marighella é lançado em Salvador

Em dezembro, a terra natal do militante revolucionário Carlos Marighella – Salvador – será palco do lançamento do DVD de um documentário sobre a trajetória política do guerrilheiro. Trata-se da produção Carlos Marighella, quem samba fica, quem não samba vai embora, dirigido pelo cineasta argentino/brasileiro Carlos Pronzato.

A exibição acontece na Sala Walter da Silveira, espaço tradicional do cinema baiano, no dia 13 de dezembro, quinta feira às 19h. A atividade acontece na véspera da abertura da Mostra de Cinema e Direitos Humanos em Salvador.

Antes, no dia 5 de dezembro ás 18h30 a exibição e o lançamento do DVD acontecem no SINDAE (Sindicato dos Trabalhadores de Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia, Rua general Labatut, 65, Barris).

O documentário, do cineasta Carlos Pronzato, foi lançado em dezembro do ano passado, como instrumento de resguardo e difusão da memória e da história de Carlos Marighella. Além de Salvador, o vídeo já foi apresentado em várias cidades do país, como Aracaju, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Luis, São Paulo e Santos.

Por onde passou o documentário gerou debate – envolvendo estudantes, militantes, sindicalistas e políticos – sobre a história política do Brasil, passando pela Ditadura Militar e a resistência da classe trabalhadora até o legado de Marighella para as esquerdas do país.

Quem samba fica, quem não samba vai embora

O título do documentário é uma referência a uma carta homônima escrita por Carlos Marighella aos seus companheiros, em dezembro de 1968. “O fundamental na organização são os grupos e a atuação de baixo para cima. Uma coordenação ativa e revolucionária leva a ação para diante. Os grupos devem unir-se de baixo para cima, a partir da ação. Podem ser feitas ações em conjunto. Todos os grupos nossos ou não nossos devem ser chamados para a ação conjunta, para ICR, seja para o que for contanto que acabe a ditadura e o imperialismo. De todo modo, o problema é quem samba fica, quem não samba vai embora” é o trecho da carta escrita por Marighella, quase um ano antes da sua morte.

O documentário foca o período da luta armada de resistência à Ditadura Militar, principalmente entre 1964 e a morte de Marighella, em dezembro de 1969. A contribuição de Marighella para a história política brasileira é, neste documentário, narrada a partir de depoimentos de militantes, estudiosos, políticos e pesquisadores que, de algum modo, conviveram com Marighella.

O seu filho, Carlinhos Marighella; os militantes da Ação Libertadora Nacional, Aton Fon, Guiomar Lopes, Carlos Eugênio Clemente, Carlos Fayal, Takao Amano, dentre outros; os historiadores Muniz Ferreira e Edileuza Pimenta; e os jornalistas Emiliano José e Alípio Freire são alguns dos entrevistados no documentário.

Um diretor inspirado no personagem

Carlos Marighella, quem samba fica, quem não samba vai embora mantém-se fiel à trajetória do diretor Carlos Pronzato.

Pronzato é um cineasta que utiliza as suas produções como instrumentos de transformação radical da sociedade. Argentino com residência há décadas em Salvador, Pronzato é fortemente inspirado pelos ideais e ações práticas de militantes sociais, sobretudo da América Latina. E Marighella foi um desses.

O documentário sobre Marighella engrossa as fileiras de personagens e fatos relevantes para a história dos povos retratada por Pronzato, que já dirigiu documentários como Bolívia, a guerra do gás; Bolívia, a guerra da água; A revolta do buzú; A rebelião dos Pinguins, estudantes chilenos contra o sistema; Até Oxalá vai a guerra, uma história de racismo e intolerância religiosa; Buscando a Salvador Allende, Carabina M2, uma arma americana, Che na Bolívia; Madres de Plaza de Mayo, memoria, verdade, justiça; dentre outros.

Um projeto militante, a serviço da classe trabalhadora

Toda a produção dos documentários de Carlos Pronzato é feita de forma independente e com a contribuição militante e o financiamento dos trabalhadores e suas organizações, como forma de manter a autonomia da obra frente a interesses políticos e econômicos.

No vídeo abaixo, o cineasta Carlos Pronzato fala do início de sua carreira, o que o levou ao cinema, de seu novo e aguardado trabalho, o documentário sobre Carlos Marighella.

Fonte: Blog Carlos Pronzato