Brics negociam fundo de reservas de até US$ 240 bilhões

Os países do Brics – Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul – tentam acelerar negociação de um fundo comum de reservas internacionais que poderá variar de US$ 50 bilhões a US$ 240 bilhões, dependendo da proposta que prevalecer no grupo.

Negociadores dos cinco grandes emergentes farão uma teleconferência no começo de dezembro para avançar na discussão e reforçar sua proteção contra choques externos, ainda mais diante do cenário de persistente incerteza da economia mundial contaminada pela crise da dívida de países desenvolvidos.

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A ideia é pavimentar o terreno para um anúncio formal dos líderes na cúpula dos Brics em março de 2013, na África do Sul. As discussões ocorrem ao mesmo tempo em que Brasil e China estão em posições opostas na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre algum mecanismo para corrigir desalinhamentos cambiais que afetam o comércio.

Segundo a imprensa internacional, a proposta mais ambiciosa é a da China, país com as maiores reservas internacionais do planeta. Pequim defende um fundo comum de US$ 240 bilhões, o mesmo montante da Iniciativa de Chiang Mai, que reúne países do sudeste asiático.

O Brasil está no meio termo, julgando que em todo caso o fundo de reservas, em dólares, deve ser suficientemente forte para ter credibilidade.

Juntos, os Brics têm reservas de cerca de US$ 4,5 trilhões e este ano ajudaram no reforço dos recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) destinados, sobretudos, aos combalidos países europeus.

O plano do pool de reservas dos bancos centrais foi lançado pelo grupo à margem da cúpula do meio do ano em Los Cabos, no México. E é considerado importante no persistente cenário de incertezas da economia global, mas também politicamente.

A Chiang Mai Initiative Multilateralized (CMIM) deve inspirar fortemente o que sair no Brics. Ela permite a seus membros, países do sudeste asiático, a ter acesso a 30% de seus respectivos limites de crédito sem as condicionalidades requeridas num programa formal do FMI.

Também é considerado interessante nos meios financeiros a abrangência maior do CMIM, passando de um fundo para atuar numa crise a um fundo que também incluiria uma linha de crédito de prevenção, justamente para evitar situações dramáticas para os países.

É um desenho parecido com a iniciativa feita pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano) na crise de 2008, quando foram oferecidas operações de troca (swap) de moedas a vários países. No caso do Brasil, o Fed estendeu uma linha de US$ 30 bilhões, que não chegou a ser usada.

Ou seja, poderá ajudar na salvaguarda da estabilidade financeira nos Brics, especialmente por não ser claro qual o limite do Fed americano para eventualmente garantir linhas de swap para emergentes no futuro.

O fundo comum de reservas deverá estar na agenda de encontro da presidente Dilma Rousseff com seu colega russo Vladimir Putin, em meados de dezembro em Moscou.

Fonte:Valor Econômico