Jeosafá Fernandez: Haddad venceu, agora é que a luta começa

A vitória de Haddad em São Paulo abre amplas possibilidades de democratização da cidade. Porém, as possibilidades só se concretizarão caso haja mobilização da sociedade e, principalmente, dos movimentos organizados que, se formaram um polo decisivo dessa vitória, por um lado, são elementos de pressão por mudanças de fundo, uma vez instaurada a gestão.

Por Jeosafá Fernandez Gonçalves*

Uma cidade com tal grau de privatização dos espaços públicos e com tal proliferação do individualismo levado às últimas consequências não alterará o curso que tomou dos últimos 8 anos se interesses derrotados nas últimas eleições não forem postos em cheque, seja nas áreas de educação e cultura, seja na da saúde, seja na dos transportes ou ainda do lazer, dos esportes, da habitação entre outros.

Ao sufragar em Haddad, a maioria dos paulistanos chancelou sua mensagem de mudança, de maneira que o prefeito eleito está autorizado a desalojar da máquina da prefeitura mecanismos e articulações que as gestões Serra-Kassab criaram para favorecer grupos políticos, econômicos e mesmo pessoais.

Nossa esperança é que a gestão eleita com números maiúsculos apoie-se na sociedade organizada e contribua para a organização ainda mais ampla e profunda do povo de São Paulo, pois só assim as conquistas democráticas tornam-se perenes.

Do time de futebol de várzea à associação de intelectuais em luta pela democratização dos meios de comunicação, do sindicato de funcionários públicos ao movimento de defesa de bibliotecas, quanto mais diálogo e incentivo da parte do poder municipal, maiores as garantias de que um ciclo democrático não desemboque em outro mais longo de governos autoritários, como ocorreu nos casos das gestões de Luiza Erundina e Marta Suplicy.

Assim, diálogo e incentivo aos movimentos sociais e culturais se constituem ferramentas decisivas tanto para o sucesso da gestão democrática que se inicia em 1º. de janeiro de 2013, quanto para a perenidade dessa experiência, que precisa se estender no tempo para que finque raízes em solo paulistano de uma vez para sempre, reduzindo o peso do conservadorismo ao seu devido lugar: o de minoria social e eleitoral.

Viva Haddad, que mereceu a confiança dos paulistanos!

Viva a sociedade organizada, que apoia, mas que também pressiona e luta avanços!

*Jeosafá Fernandez Gonçalves é escritor, professor e ativista cultural.

Fonte: Fórum Mudar São Paulo