BB, Itaú e Bradesco investem em oportunidades no exterior

As maiores instituições financeiras brasileiras enxergam oportunidades de negócios no exterior. Banco do Brasil, Itaú e Bradesco investem na estrutura para atender à expansão de grandes empresas nacionais no mercado externo e ao crescente interesse de companhias multinacionais no país.

A área de varejo, no caso do Itaú e do BB, também é considerada prioritária, mas a aquisição de outros bancos deve ser uma das principais estratégias para conquistar espaço nos mercados almejados.

Itaú

A prioridade da expansão internacional do Itaú é a América Latina. "Nosso propósito é sermos reconhecidos como o banco da América Latina e uma referência global para todos os tipos de serviços financeiros na região", diz o vice-presidente e CEO do Itaú Latam, Ricardo Marino. O banco expandiu os negócios na região nos últimos seis anos e a prioridade agora é ganhar maior escala.

No Chile, onde o Itaú prioriza o mercado de alta renda, a estratégia de aquisições ao longo dos anos surtiu bons resultados. Em 2006, comprou as operações do BankBoston naquele país (juntamente com as do Uruguai) e, em 2011, adquiriu a unidade de varejo do HSBC e estabeleceu uma joint-venture com a empresa Munita, Cruzat & Claro (MCC) para a gestão de grandes fortunas. O banco tem R$ 23 bilhões em ativos naquele país.

O Itaú ainda tem agências na Argentina, Uruguai e Paraguai. No Paraguai, o banco consolidou sua marca, substituindo o Interbanco, que até 2010 representou seus ativos no país. No Peru e na Colômbia, a entrada da instituição financeira se dá por meio do Itaú BBA, o braço de investimentos do grupo.

Banco do Brasil

A atuação internacional do BB se baseia em três pontos: apoio às grandes empresas brasileiras que atuam no exterior, atendimento a brasileiros que vivem fora do país e investimento em operações de varejo, principalmente na América do Sul. O vice-presidente de atacado, negócios internacionais e private bank do BB, Paulo Rogério Caffarelli, diz que o processo de internacionalização é inevitável para que o banco possa competir com grandes instituições financeiras que, na sua avaliação, vão querer disputar o mercado nacional com o BB. "Se o banco não tem escala, fica mais difícil concorrer com as instituições financeiras globais."

"Queremos nos tornar um banco global e ser o primeiro da América do Sul", diz Caffarelli. O BB tem no seu raio de ação possíveis novas aquisições de bancos em países como Chile, Peru e Colômbia, informa. Segundo ele, a opção pela América do Sul, além da proximidade geográfica, se dá por conta da estratégia de investir em países com perfil similar ao do Brasil.

Em 2010, o banco comprou o controle do Banco Patagônia, da Argentina, operação considerada bem-sucedida pelo diretor de negócios internacionais do BB, Admilson Monteiro Garcia. Segundo ele, além da base local de clientes, o Patagônia incorporou o atendimento ao grande número de empresas brasileiras que atuam no país vizinho. Em 2011, o BB adquiriu o Eurobank, que se transformou no Banco do Brasil Americas, com três agências na Flórida.

Sem foco específico de varejo no mercado externo, o Bradesco BBI, o banco de investimentos do grupo, ocupa lugar de destaque nos projetos internacionais da instituição financeira. O BBI atua em Nova York, Londres e Hong Kong. "O Bradesco BBI tem forte atuação tanto junto às empresas brasileiras com interesse no mercado internacional, quanto companhias internacionais que pretendem investir no Brasil", diz o diretor-geral Renato Ejnisman. Segundo ele, entre 35% e 40% dos projetos de fusões e aquisições capitaneadas pelo BBI envolvem empresas internacionais.

Além do BBI, o Bradesco também foca sua atuação fora do país na área de corporate, com unidades em Nova York, Tóquio, Grand Cayman, Buenos Aires e Luxemburgo, prestando apoio às empresas. A subsidiária Banco Bradesco Europa, em Luxemburgo, tem como função adicional, prestar serviços aos clientes private banking, assim como prospectar operações de comércio exterior.

Fonte: Jornal Valor Econômico