EUA: Sandy esvazia Wall Street e reduz giro na Bovespa 

A passagem do furacão Sandy provocou estragos na costa leste americana, fechou Wall Street e fez a liquidez dos demais mercados mundiais despencar. A Bovespa negociou apenas R$ 4 bilhões, pouco mais da metade do volume de um pregão normal. Foi o menor giro desde 3 de setembro (R$ 3,8 bilhões), feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos. 

E a expectativa para esta terça-feira (30) é de um pregão tão mais fraco que o de ontem, uma vez que as bolsas continuarão fechadas nos EUA. 

Desde 1888, Wall Street não parava por dois dias seguidos devido a um evento climático. Em março daquele ano, uma grande nevasca atingiu a costa leste americana. Porém, a última vez que Wall Street suspendeu operações por tanto tempo foi em 2001, com os atentados de 11 de setembro.

Apesar da pressão provocada pelas ações da Petrobras, o Ibovespa conseguiu sustentar a linha dos 57 mil pontos. O índice fechou em baixa de 0,17%, aos 57.176 pontos. Mas a análise gráfica para o índice não é animadora. Segundo o analista Raphael Figueredo, da Icap Brasil, o Ibovespa caminha para os 56.200 pontos, o que faria a bolsa zerar os ganhos em 2012. Para reverter a tendência, o índice precisa recuperar os 58.100 pontos.

As ações da Petrobras concentraram as atenções ontem, após a divulgação do balanço na sexta à noite. Os papéis devolveram a alta do último pregão, quando subiram na expectativa de que o resultado seria bom. O papel PN terminou em baixa de 3,39%, a R$ 21,35, com giro de R$ 430,5 milhões. A ação ON caiu 3,45%, para R$ 22,10, com R$ 100,8 milhões.

A combinação entre aumento nos custos, queda da produção e defasagem no preço dos combustíveis foi fatal para a companhia, observa o estrategista de análise para pessoas físicas da Bradesco Corretora e da Ágora Corretora, José Francisco Cataldo. "O resultado veio abaixo do consenso do mercado." O lucro de R$ 5,567 bilhões no terceiro trimestre ficou 12% abaixo do registrado no mesmo período de 2011 e 23% inferior à média das projeções dos analistas ouvidos pelo Valor, de R$ 7,2 bilhões.

Outro ativo que se destacou foi Amil ON (0,76%, a R$ 30,43) pelo elevado volume negociado, de R$ 696 milhões. Segundo operadores, o giro foi inflado por um negócio direto realizado pelo Morgan Stanley e por uma operação a termo com 3,3 milhões de papéis. Mas não é de hoje que Amil vem se destacando entre as mais negociadas. O papel virou uma espécie de proteção contra a volatilidade do mercado, uma vez que seu preço está "travado" pela oferta pública de aquisição de ações por troca de controle para o UnitedHealth Group (UHG), a R$ 30,75 por ação.

Ainda entre as ações mais negociadas, OGX ON (2,67%) corrigiu perdas recentes e liderou a lista de maiores altas do Ibovespa. Vale PNA (0,38%) e Itaú Unibanco PN (0,03%) passaram o dia no vermelho, mas zeraram as perdas no fechamento.

Estudo da consultoria Economatica mostra que OGX, Petrobras, Vale e Itaú estão entre as companhias que tiveram perda de valor de mercado superior a US$ 10 bilhões neste ano. Segundo o levantamento, a empresa de Eike Batista registra a maior desvalorização, de 69,5%, e a quarta maior perda nominal, de US$ 16,3 bilhões, entre duas mil companhias analisadas.

Fora do Ibovespa, Eternit ON perdeu 10,87%. Investidores estão preocupados com um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira, que pode decidir pelo banimento do uso do amianto, principal matéria-prima da Eternit.

Fonte: Valor Econômico