Chilenos identificam 1ª detida e desaparecida durante ditadura

O Serviço Médico Legal do Chile (SML) concluiu nesta terça-feira (23) a identificação da primeira mulher detida e desaparecida em 1977 sob a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Trata-se da estudante de enfermagem Jenny Barra, à época militante do Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR, sigla em espanhol), na Pontifícia Universidade Católica.

Sua identidade foi determinada mediante o trabalho multidisciplinar do SML e as análises genéticas realizadas pelo laboratório do Institute of legal Medicine, Innsbruck Medical University (GMI), da Áustria, a partir de fragmentos ósseos encontrados em Costa Barriga.

De acordo com o informe da Comissão da Verdade e Reconciliação, a jovem foi presa em 17 de outubro de 1977 por agentes da DINA (Direção de Inteligência Nacional, a polícia secreta da ditadura chilena), próximo a sua casa no município de San Bernando, e transferida para um centro clandestino de detenção e tortura, de onde desapareceu.

Os restos ósseos foram encontrados em Cuesta Barriga, a rota que liga Santiago com o porto de Valparaiso. Jenny foi morta após a Operação Retiro de Televisores, que foi ordenada por Pinochet e que pretendia não deixar pistas dos corpos de presos desaparecidos.

Segundo dados oficiais, no Chile, 4979 mulheres foram presas durante a ditadura, das quais 75 estão desaparecidas. Dessas, 11 estavam grávidas.


Fonte: Opera Mundi