População de rua cresce e não tem assistência

Homens, mulheres, crianças e até famílias inteiras podem ser vistos em calçadas, embaixo de marquises de prédios e em viadutos, sem um teto para morar. A vida errante e sem objetivo tem deixado, porém, um rastro de violência.

Estimados em 2,5 mil pessoas, espalhadas por todo o Distrito Federal, os moradores de rua engrossam as estatísticas de crimes. Pesquisa da Subsecretaria de Integração e Operações de Segurança Pública (Siosp), feita com exclusividade para o “Jornal de Brasília”, mostra que, de janeiro a setembro de 2012, foram registradas 109 ocorrências de crimes mais graves, como homicídios e tentativas, lesão corporal e estupro, envolvendo esta parcela da população, seja como vítima ou como autor. Como pano de fundo está o uso de drogas lícitas e ilícitas. Não foram computados furto s, roubos e tráfico de drogas.

Brasília, onde boa parte deles vive, concentra a maior parte da violência, 43%. Taguatinga e Ceilândia ocupam o segundo e terceiro lugares, com 24% e 22%, respectivamente. De acordo com a socióloga Camila Potyara, o caminho que essas pessoas seguem é o mais discriminado e sem apoio do sistema governamental. “A situação em que eles se encontram é lamentável, porém, infelizmente as nossas políticas não os favorecem de maneira direta”, disse.

Baseada em estudos, Camila diz que mais de 80% da população de rua, além de consumir grande quantidade de álcool, faz uso de drogas para saciar o que não consegue com alimento no decorrer do dia.

Eles alegam viver desta forma por não terem condições financeiras de retornar aos seus locais de origem, ou porque foram discriminados pela família e sociedade. A socióloga explica que muitos possuem residência e exercem alguma atividade remunerada, como catador de lixo e flanelinha. “O que leva essas pessoas para as ruas é a comodidade e fraqueza com que enfrentam seus objetivos. Eles acham que vão conseguir métodos mais fáceis para sobreviver”, diz Camila.