Programa para qualificar mão de obra

O Governo Federal estuda modificar o Sistema Nacional de Emprego (Sine). Em todo o Brasil, inclusive no Distrito Federal, o número de desempregados em busca de oportunidade é alto. Apenas na capital, são mais de 190 mil pessoas não inseridas no mercado de trabalho. As oportunidades oferecidas, em muitos casos, estão à espera de candidatos qualificados ou que atendam o perfil da empresa.

Programa para qualificar mão de obra

Para fornecer uma solução ao impasse, em 2013, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) quer criar um sistema semelhante ao modelo utilizado pelo INSS. Ou seja, lançar mão de uma ferramenta que irá monitorar a relação das vagas de empregos disponíveis com o perfil mais adequado dos candidatos capacitados em a tender à demanda.

A princípio, a intenção é de que o novo sistema seja instalado em oito agências. O objetivo é resolver a equação encaminhando o desempregado, de forma mais coerente, ao que o empregador procura. No ano passado, em todo o País, das 2,6 milhões vagas de emprego oferecidas pelo mercado, 1,6 milhão não foram preenchidas. Já no DF, das 40.166 oportunidades de emprego oferecidas de janeiro até o início de outubro, 32.870 ficaram em aberto.

De acordo com o MTE, o sistema, ainda em fase de padronização, irá monitorar as vagas do mercado de trabalho com o perfil dos candidatos mais apropriados em obter êxito na contratação. O programa funcionará em conjunto com a Previdência. A intenção, a médio e longo prazos, é ter acesso online a toda a demanda de serviço das agências do Sine. O cadastro vai identificar que tipo de trabalhador está procurando o serviço, sua idade e nível de escolaridade. Também será informado quais os cursos de formação profissional mais procurados, os setores da economia mais carentes de mão de obra e a remuneração média do trabalhador.

O ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, reconhece que, com exceção das agências de emprego do Ceará e Paraná, grande parte das agências não oferecem um serviço de qualidade. Segundo ele, a ideia do governo é manter os convênios que estão funcionando e assumir diretamente os demais. “Apesar das restrições orçamentárias, acredito que poderemos melhorar o serviço das agências do Sine. Nossa intenção é aperfeiçoar e modernizar os serviços prestados tendo como referência o que foi feito com as agências do INSS”, ressalta.

O secretário de Políticas Públicas de Emprego em exercício do MTE, Rodolfo Torelly, destaca que atualmente o Sine possui algumas ferramentas para atender o trabalhador, mas ressalta que o sistema não está com boa estrutura. Segundo ele, a proposta do Governo Federal é melhorar a estrutura do atendimento. “Assim poderemos monitorar o trabalhador em busca do benefício, qualificá-lo, diminuir o índice de desemprego e, consequentemente, gastar menos com o seguro-desemprego”, ressalta.

Segundo o secretário de Trabalho do DF, bispo Renato Andrade, de janeiro a março deste ano, apenas cerca de 7,3 mil trabalhadores ingressaram no mercado profissional. Elas fazem parte de um conjunto de proximadamente 32 mil pessoas desempregadas encaminhadas para entrevistas. “O grande problema no DF envolve a precariedade da qualificação profissional”, constata o secretário.

Em busca de qualificação

Nesta semana Carlos Alves, 26 anos, deu entrada no seguro desemprego em uma das agências do trabalhador. Desempregado há pouco mais de 15 dias, o estudante conta que perdeu uma oportunidade de trabalho devido às exigências de qualificação. “Hoje, existem mais empregos do que pessoas desempregadas. Os empregadores, no entanto, estão muito mais exigentes e não querem treinar e ensinar o trabalhador. Acham que é perda de tempo”, constata.

Após perceber a dificuldade do mercado de trabalho, Carlos decidiu ingressar em um curso superior. “Falta investimento de qualidade nos cursos profissionalizantes oferecidos”, aponta.

Valéria Socorro, 34 anos, está desempregada há mais de um mês. Na segunda-feira, ela também foi à agência do trabalhador em busca de novas oportunidades. Segundo a ex-operadora de caixa, a dificuldade está nas exigências dos empregadores. “São tantos os cursos e experiências que eles pedem que acaba acontecendo de quase ninguém ser contratado”, acredita.

No final da semana passada, Valéria não conseguiu ser efetivada em uma empresa semelhante ao seu último emprego. “Está ficando cada dia mais difícil. Se o novo sistema realmente funcionar será uma maravilha”, destaca.

Empresário exigente

O secetário de Trabalho do DF, Renato Andrade, explica que as várias partes envolvidas em todo esse processo acabam por contribuir para a sobra de vagas. Segundo ele, os empresários exigem cada vez mais e os cursos de qualificação de instituições privadas são de alto custo para as pessoas desempregadas.

A subsecretária de Atendimento ao Trabalhador e ao Empregado, Ivana Barroso Dantas, considera elevado o número de vagas não preenchidas no DF. Ela concorda que o problema está na falta de preparo e qualificação. Esses dados são expressivos, pois o Governo do Distrito Federal (GDF) disponibiliza cursos gratuitos e há instituições que oferecem outras vagas em qualificação”, aponta