Esquerda espanhola acusa governo conservador de afundar o país

O líder da coalizão Esquerda Unida (IU), Cayo Lara, acusou nesta quarta (10) o governo conservador de Mariano Rajoy de afundar a Espanha com suas políticas de cortes e de agressão aos cidadãos.

"Este país não foi arruinado pelos manifestantes nem pelos sindicalistas, mas pelos banqueiros, os estafadores e os especuladores", denunciou Lara durante uma sessão de controle do Executivo do Partido Popular (PP) no Congresso dos Deputados.

O coordenador federal da IU e presidente do grupo parlamentar do Esquerda Plural expressou que a imagem da Espanha no exterior não é deteriorada nem pelas mobilizações nem por uma possível greve geral, mas pelos altos índices de desemprego e a crescente pobreza.

Ele chamou a administração do PP a não criminalizar o protesto social, porque chegará um dia, alertou, em que a própria Polícia se colocará do lado dos manifestantes contra a troika, isto é, a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para o também deputado da coalizão de esquerda, o governo de Rajoy só defende a pátria dos poderosos e não da maioria social e dos trabalhadores.

Ele enfatizou que a "marca Espanha" se vê afetada pelas pessoas procurando comida no lixo, os jovens emigrando porque precisam de emprego e pelos banqueiros que despejam as pessoas de suas moradias ante a impossibilidade de pagar suas hipotecas.

Em seu interpelação ao ministro de Fazenda, Cristóbal Montoro, Lara advertiu que os espanhóis não saem às ruas por capricho ou diversão. "Ninguém gosta de perder um dia de salário por fazer uma greve, nem de incomodar outros cidadãos, a gente se manifesta porque todo dia recebemos uma agressão atrás de outra deste governo", afirmou.

Sobre os Orçamentos Gerais do Estado para 2013, o líder da terceira força política da Espanha explicou que agravarão a crise com mais recessão e desemprego, em um país com quase seis milhões de desocupados, a taxa mais alta do mundo industrializado.

Ele apontou que as contas públicas para o próximo ano, que contemplam um ajuste próximo aos 40 bilhões de euros e priorizam o pagamento da dívida e seus juros, voltam a "esquentar as ruas" frente ao encarecimento do custo da vida. "Além disso, o FMI disse que esses orçamentos são irreais", sublinhou Lara.

O organismo multilateral prognosticou na terça (9) que a economia espanhola será em 2013 a segunda pior evolução de todo o mundo, só superada pela Grécia. A instituição monetária espera que o Produto Interno Bruto desta nação ibérica caia 1,3% em 2013, muito acima da previsão oficial de queda de 0,5%.

"Que absurdo. Aqueles que mandam receitas para nos matar, depois vêm nos anunciar que morremos", ironizou o dirigente da IU.

Fonte: Prensa Latina