Projeto da UnB leva dança clássica para a periferia

Desenvolvimento por meio da dança. Esse é o conceito no qual o Educar Dançando, projeto de extensão da Universidade de Brasília (UnB), se baseia para levar o balé clássico a estudantes de escolas da Estrutural, Samambaia e Varjão.

A ideia veio da mestre em Pedagogia da Dança e professora da Escola de Balé de Berlim, Edna Carvalho de Azevedo, que morava na capital da Alemanha quando decidiu criar algo diferente. “O que me seduziu foi a possibilidade de levar arte a quem não tem ou não pode ter acesso”, explica.

Ela entrou em contato com a professora Maria Mazzarello Azevedo e, juntas, elas levaram adiante o primeiro Educar Dançando, em 2005, com apoio da UnB e da Escola de Balé de Berlim. A princípio, 20 alunos de Samambaia participaram do projeto, mas atualmente são 70 crianças atendidas com oficinas e práticas diárias de canto, condicionamento físico e dança, sediadas no campus da Asa Norte da UnB.

Na tarde de hoje (3), uma apresentação no acanhado auditório da Escola Parque 210 Norte teve 13 jovens, 12 da Estrutural, apresentando reinterpretações de números famosos e coreografias criadas por Edna para que crianças de oito a 12 anos possam executar com tranquilidade. “É um trabalho de elaboração. Tento deixá-las soltas e fazê-las realizar movimentos simples”, diz.

Sucesso no exterior

Dois momentos da apresentação trouxeram um dos grandes orgulhos do projeto, o adolescente Glauber Lucas Mendes Silva, de 15 anos. Ele ingressou no Educar Dançando quando a iniciativa ainda engatinhava, em 2006, e, após anos de dedicação, conseguiu bolsa para estudar na Escola de Balé de Berlim, onde mora há mais de um ano. “Sinto-me um privilegiado. Dançar balé clássico é realmente o que eu quero para mim”, orgulha-se.

O exemplo do bailarino Glauber Lucas pode ser o diferencial para que o projeto decole e ganhe cada vez mais notoriedade no DF. Coincidência ou não, no ano seguinte à ida dele a Berlim, a Administração da Estrutural passou a disponibilizar transporte para que as crianças participantes do projeto pudessem ir às aulas. “Sabíamos da dificuldade de transporte dessas crianças, então ajudamos dentro do que conseguimos fazer”, explicou a administradora da cidade, Maria do Socorro, que também se mostrou entusiasmada com os frutos da iniciativa. “Agora, queremos que outras crianças dos outros quatro centros de ensino da Estrutural também participem”, conta.

A diretora da Escola Classe II da Estrutural, Maria Leodenice, ressaltou que os efeitos positivos da prática da dança vão muito além do aperfeiçoamento técnico. Daí a importância em popularizar o Educar Dançando. “Desde a postura física até o rendimento escolar são melhorados. Nos nossos alunos que participaram, vimos que várias questões despontaram, como a sociabilidade”, diz.

Os coordenadores do Educar Dançando fazem uma triagem para escolher as escolas a serem abordadas, depois os diretores são contactados. Estes, por sua vez, conversam com os pais dos estudantes sobre o interesse em fazer parte da iniciativa.