Samambaia contra lixão

Moradores de Samambaia seguem mobilizados na tentativa de evitar a implementação de um aterro sanitário da cidade.

Em mais um protesto, manifestantes interditaram a DF-180 ontem . Aproximadamente 250 pessoas fecharam a pista com pneus e atearam fogo em pedaços de madeira. A ação durou cerca de três horas, e o resultado foi um grande congestionamento na via.

Os moradores das quadras 800 e 1000 são os mais incomodados com a futura obra. Eles alegam que a construção de um aterro, a três quilômetros das residências, pode trazer prejuízos à população. Muitos reclamam de não ter sido ouvidos pelo governo. “A obra não está respeitando a nascente, não está respeitando a população. Teria que ter pelo menos 20 quilômetros de distância da cidade, e não tem”, defende o prefeito comunitário da Quadra 1.029, Delsion Pereira, justificando a manifestação.

De acordo com o representante dos moradores, houve uma reunião com Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (Ibram), na qual o órgão se comprometeu a promover uma audiência publica para discutir o assunto. No entanto, ele diz que nada foi feito ou comunicado aos moradores. “Não ligaram, não deram satisfação. Nenhuma notícia chegou. Vamos procurar mais gente que apoie a gente”, acrescenta.

Atingindo escola

Para a construção do espaço, será necessária a desativação da Escola Guariroba, instalada próximo a região. A escola atende a zona rural e as quadras 800 e 1000. De acordo com vice-diretor da instituição, Fernando Travassos, uma nova escola será construída. Está programada para a próxima quinta-feira uma reunião com os pais dos alunos para discutir a questão do aterro.

Os moradores contrários à obra argumentam ainda que a implementação do aterro compromete o Parque Ecológico Gatumé e um rio. Segundo o prefeito comunitário Delsion Pereira, ninguém explicou como ficará a situação das pessoas que moram nas redondezas. O morador da fazenda onde encontra-se uma nascente, Gilson Menezes, conta não ter conhecimento da construção desse aterro. Perto da área também pode-se encontrar grande quantidade de lixo descartada irregular no local.

A respeito da falta de um debate com a comunidade, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) argumenta que foram promovidas duas audiências públicas para tratar do tema, ambas organizadas pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). O órgão destaca que este processo tramita há mais de dez anos, e avalia que a área é uma das melhores alternativas para o destino dos resíduos sólidos. De acordo com o SLU, todas as exigências ambientais estão sendo respeitadas e as licenças providenciadas.
A Novacap, Adasa, Caesb, Semarh e Casa Civil também estão envolvidas no projeto.