Esgoto irregular ameaça mananciais e Lago Paranoá

O número de notificações por derramamento irregular de esgoto no Lago Paranoá e em outros mananciais do Distrito Federal aumentou.

Somente de janeiro a julho deste ano, 3,5 mil pessoas físicas e jurídicas foram acionadas pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) para corrigirem irregularidades constatadas no esgotamento sanitário.

Segundo a coordenadora de Fiscalização e Orientação de Instalações Hidrossanitárias da Caesb, Zélia Aparecida de Souza, em 2011 foram constatados 6.028 casos de despejo de esgoto em todo o DF. Contudo, os índices do primeiro semestre de 2012 já ultrapassaram a metade do total de registros do ano passado. Mas, mesmo com diversos pontos de derramamento de esgoto, a Caesb garante que a qualidade da água do Lago Paranoá está boa para banho e navegação. “Nós estamos com mais estrutura para atuar e fazemos de tudo para não multar, mas para regularizar a situação. Queremos banir esta prática”, planeja a coordenadora.

O problema maior ocorre no Lago Paranoá, em áreas de clubes, mansões e até mesmo nas redes de águas pluviais da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), como a que fica instalada próximo à Ponte do Bragueto. Mas o princípio do desrespeito ao meio ambiente está também nas regiões administrativas de Taguatinga, Ceilândia e Sobradinho. Nestas áreas, por conterem alto número de novos loteamentos em fase de regularização e não disporem de serviços de água e esgoto, boa parte dos dejetos são despejados diretamente no solo e acabam contaminando os córregos do DF.

Sobradinho

Em Sobradinho, na tarde de ontem, uma equipe de fiscalização da Caesb e do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) constatou o despejo de esgoto no Córrego Braço do Paranoazinho, na DF-150. A presidente da Associação de Moradores do Grande Colorado, Junia Bitencourt, acredita que o problema surgiu durante a construção do viaduto. ”Durante as obras já existia uma galeria de esgoto, mas ela foi drenada e hoje é despejada nesta vala que vai parar diretamente no córrego. Estamos com esse problema há um ano e meio”, denuncia Junia. A Caesb, porém, não tem ainda um diagnóstico sobre a origem do esgoto.

Mesmo se comprovada a irregularidade, os emissores de esgoto nestas áreas não podem ser notificados porque não são clientes da Caesb, uma vez que a companhia não fornece rede de água e esgoto na região. Neste caso, caberá ao Ibram acioná-los.
Em outras ocasiões, se comprovadas pala Caesb, as irregularidades podem gerar multas que variam de R$ 574 a R$ 72,5 mil. Porém, a coordenadora de Fiscalização da Caesb afirma que essa penalidade só é aplicada em último caso. “Notificamos e aguardamos um prazo, que no geral é utilizado para fazer obras. As multas são emitidas como última alternativa”, explica.

Para os trabalhos de vistoria, a Caesb se utiliza de várias técnicas. A primeira delas é inserir corante nas redes para ver onde o esgoto está sendo despejado. Já a outra alternativa é a colocação de fumaça nas tubulações para saber se há vazamentos. Em último caso, a companhia utiliza um robô de alta tecnologia para identificar as fraudes e inspecionar as galerias. Apenas cinco equipes fazem este trabalho.