Ficar preso em Israel foi "um inferno" , diz ativista libertado

Neste domingo (16), em uma das jornadas finais da Festa do Humanité, jornal do Partido Comunista Francês, teve lugar uma comovente atividade sobre a causa dos prisoneiros palestinos. Fadwa Barghouti, mulher do deputado palestino Marwan Barghouti, preso há dez anos, e Salah Hamouri, o franco-palestino que ficou sete anos detido nos cárceres israelenses e foi libertado em dezembro do ano passado, deram seus testemunhos sobre um problema que a mídia a serviço do sionismo tenta em vão esconder.

Salah Hamouri contou que em 13 de março de 2005 foi preso em um posto de controle israelense. "Foi um inferno", disse. "Cerca de 20 horas diárias sob tensão durante interrogatórios repetitivos. Os policiais israelenses fazem de tudo para quebrar a moral do prisioneiro. Alguns destes são mesmo torturados com a concordância dos tribunais israelenses totalmente ilegais. Quando os prisioneiros morrem, eles guardam os corpos até o fim da pena. Não tínhamos médicos na prisão e as associações não podiam intervir. Eu tive que esperar quarenta dias para receber a primeira visita da Cruz Vermelha".

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Dirigindo-se ao público da festa dos comunistas franceses, Hamouri acrescentou : "Sobrevivi graças a vocês, graças ao comitê de apoio na França". Ele acerntuou que esta solidariedade aqueceu seu coração. "Quando o corpo está na prisão, o cérebro viaja para as cartas que recebemos. Os guardas israelenses ficavam totalmente perturbados pelo número de cartas que eu recebia na prisão. Quanto ao resto, nós tentávamos manter a moral elevada. Os dias são longos, mas nós organizávamos a vida dos prisioneiros, fazíamos cursos de política, reuniões para continuar a mobilização, para falar sobre o que se dizia a nosso respeito fora da prisão. Mobilizávamos também os jovens prisioneiros para que eles lutassem".

Em declarações à redação do jornal L´Humanité, Hamouri destacou que os ativistas que defendem os prisioneiros palestinos continuarão a levar adiante a luta por sua libertação. Falando sobre outros aspectos da política dos ocupantes israelenses, Hamouri denunciou a decisão do Estado sionista de legalizar as colônias em torno de Ramallah. "É necessário acabar este apartheid nessa região do mundo, extirpar esta espinha enfiada na garganta do planeta".

Por sua vez, Fadwa Barghouti, declarou sentir-se honrada por voltar à festa do Humanité na ocasião em que Salah Hamouri foi libertado. "Isto aconteceu também graças à vossa mobilização e ao povo francês, conhecido por seus valores humanistas, pelo que agradeço. Esta luta pela liberatação dos prisioneiros palestinos é para nós uma causa nacional".

A ativista fez uma grave denúncia : "Quero lembrar que em 40 anos cerca de 750 mil pessoas foram prfesas por Israel. Todas as famílias palestinas já foram um dia atingidas por este problema. Meu marido, Marwann, é o drama de todo um povo, não apenas de um indivíduo. Desejo que a mobilização continue, um dia quero voltar aqui, à Festa do Humanité com meu marido livre da prisão".

Efetivamente, a questão dos prisioneiros palestinos em Israel é um drama nacional. Eles são cerca de cinco mil. Em 17 de abril deste ano, iniciaram uma greve de fome para denunciar as condições carcerárias e os maus tratos nas prisões israelenses. Foi um movimento de amplitude sem precedentes que se tornou vitorioso, pois cerca de um mês depois, em 14 de maio, a administração penitenciária assinou um acordo em que se comprometeu a acabar as detenções ilimitadas sem julgamento, o isolamemnto carcerário e a autorizar visitas aos prisoneiros originários da Faixa de Gaza.

Mas Israel não respeita o acordo e ainda há prisioneiros da Faixa de Gaza submetidos a isolamento.

Fonte: www.zereinaldo.blog.br/