Irã mostra empenho em solução política para crise síria

O Irã está empenhado na solução política da crise síria e condicionou sua participação em uma conferência de chanceleres sobre o tema à aceitação de uma iniciativa complementar, informou nesta terça-feira em Teerã o ministro das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi.

Em essência, a proposta iraniana solicita a inclusão de outros dois países no grupo de quatro conformado no plano do presidente egípcio, Mohamed Morsi, reiterado durante a 16ª Cúpula dos Não Alinhados em agosto último. "Estamos de acordo (…) com esta proposta, mas a República Islâmica do Irã apresentou uma complementar", disse Salehi à agência noticiosa oficial Irna.

Dos dois países que devem incorporar-se às negociações, o ministro só mencionou o Iraque, que tem fronteiras com a Síria e se mostrou equidistante no conflito.

Diplomatas de alto nível do Egito, o país anfitrião, da Arábia Saudita, Turquia e do Irã se reuniram na noite de segunda-feira (10) em Teerã para pavimentar o caminho a um conclave de seus chanceleres na próxima segunda-feira (17), também em Teerã, sem que tenham dado mais detalhes das conversações.

Depois dessa reunião inicial e considerando seus resultados, o Irã decidirá sobre a proposta egípcia, disse Salehi.

O ministro egípcio das Relações Exteriores, Mohamed Kamel Amr, deu por aceita a reunião dessas quatro potências regionais no encontro ministerial e inclusive a anunciou para a próxima segunda-feira.

As reservas iranianas são compreensíveis, tendo em conta que nas negociações o equilíbrio de forças favorece os detratores do governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, que culpa a Turquia e a Arábia Saudita de armar e estimular seus opositores armados; o governante egípcio, por sua vez, demanda a renúncia de seu homólogo sírio.

O irã, em contrapartida, é a favor de uma saída pacífica e negociada que respeite a soberania e a integridade territorial da Síria.

A inclusão do Irã no grupo negociador representa um êxito diplomático para Teerã, pois as potências ocidentais decididas a derrocar o governo sírio pela força, encabeçadas pelos Estados Unidos, rechaçam intransigentemente essa inclusão.

A Rússia e a China igualmente consideram benéfica a presença iraniana na elaboração de uma saída pacífica para a crise, além de se oporem aos intentos dos outros três membros permanentes do Conselho de Segurança, os Estados Unidos, a França e o Reino Unido, de passar uma resolução que autorize a intervenção militar direta no conflito sírio.

Tanto Moscou como Pequim reiteraram que de modo algum permitirão a repetição da sequência de acontecimentos que no ano passado desembocou na derrocada por via militar e no assassinato do líder líbio Muamar Kadafi depois de uma devastadora intervenção militar direta das forças da Otan.

Redação do Vermelho, com Prensa Latina e Irna