Enviado da ONU à Síria inicia missão diplomática

O enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, iniciou nesta segunda-feira (10) sua missão de buscar uma solução ao conflito sírio que assola o país há 18 meses. Atualmente no Cairo, capital do Egito, o diplomata argelino se prepara para sua viagem à Síria e ao Irã.

“Eu sei que é uma missão muito difícil, mas acredito que não tenho o direito de recusar qualquer assistência que posso dar ao povo sírio”, disse ele nesta segunda (10) em uma conferência de imprensa segundo o jornal britânico The Guardian.

Brahimi se reuniu com o secretário geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi, na sede do bloco na capital egípcia e, nas próximas horas, deve se encontrar com o presidente do Egito, Mohammed Mursi, que tem uma postura crítica em relação a Bashar al Assad.

Segundo informações de jornais internacionais, o diplomata argelino deve viajar à Síria nos próximos dias para negociar com membros da sociedade civil e do governo tanto na capital do país quanto nas outras cidades. Perguntado se teria encontros com o presidente sírio, Brahimi respondeu “Eu espero que sim, mas não tenho certeza”, informou a agência internacional AFP.

Depois de sua visita à Síria, Brahimi deve se encontrar com representantes do governo iraniano em Teerã, disse a agência estatal Iranian Mehr.

Para o diplomata argelino, um dos principais obstáculos para a solução na Síria é a demanda tanto da Liga Árabe quanto do mandatário egípcio de que o presidente siírio, Bashar al Assad, abandone o poder de imediato.

O governo sirio, que prometeu liquidar as milícias armadas que atacam o exército e a população de seu país, rechaça a exigência; Assad disse na semana passada à imprensa que seu país não aceita pressões "nem de amigos, nem de inimigos, nem de aliados".

Nos últimos dias, as autoridades sírias reivindicaram êxitos militares sobre os insurgentes, os quais, assegura, em sua maioria são estrangeiros armados e enviados por países árabes próximos ao Golfo Pérsico e Turquia, e contam com o apoio logístico e diplomático dos Estados Unidos e seus aliados da Otan.

Na véspera, autoridades libanesas anunciaram o confisco, no aeroporto de Beirut, de equipes de comunicação de última geração, aparentemente destinados aos insurgentes na Síria.

"Quase impossível"

Desde que assumiu o posto no fim de agosto em substituição à Koffi Annan, o diplomata argelino lida com uma complicada situação na Síria. Em uma recente entrevista à rede britânica BBC, o mais novo mediador do conflito descreveu sua missão como “quase impossível” e reiterou que assume o cargo sem nenhuma ilusão. “Eu sei o quanto é difícil. Não posso dizer impossível – mas, é quase impossível”, afirmou o diplomata que disse já sentir o “peso da responsabilidade”.

Brahimi explicou que alcançar uma solução diplomática para o conflito é muito difícil e acrescentou que pouco está sendo feito nesta direção. “As pessoas estão dizendo ‘O povo está morrendo, o que está sendo feito?’ E não estamos fazendo muito. E isso é um peso terrível”, contou ele.

O diplomata, que já serviu na África do Sul depois do fim do apartheid e no Iraque após a intervenção dos Estados Unidos, disse sentir que está na frente de uma parede de tijolos, procurando por rachaduras que podem levar a uma solução.

Annan renunciou ao cargo de enviado especial no dia 2 de agosto por não enxergar maneiras de solucionar o conflito na Síria. "É impossível para mim ou para qualquer outra pessoa convencer o governo e a oposição a dar os passos necessários para abrir um processo político", disse ele na ocasião.

Com agências