Ideólogo do sionismo vem ao Brasil pregar guerra contra o Irã

Em visita ao Brasil, o israelense Jonathan Fine, consultor sobre diplomacia e religião do Centro Interdisciplinar Herzlyia, de Jerusalém (IDC, na sigla em inglês), e pesquisador do Instituto Internacional para a Luta contra o Terrorismo (ICT, também em inglês), afirmou que a ação israelense independe do apoio do governo norte-americano, e disse acreditar que a intervenção é apenas uma questão de tempo, embora não haja consenso sobre como agir.

Em entrevista ao Portal Terra publicada neste dominfo (2), o pesquisador revelou-se menos um analista sério do que um propagandista do sionismo e pregoeiro de guerras de agressão.

As declarações do entrevistado são reveladoras de que sua peregrinação visa a justificar perante a opinião pública brasileira a política belicista e agressiva do Estado de Israel. "A decisão [de atacar o Irã] será tomada a partir da seguinte pergunta: nós, israelenses, estamos prontos para conviver com um Irã armado com uma bomba nuclear? Quanto tempo mais nós poderemos esperar"?

Delírio

Mais delirante do que analista, Fine disse que em vários aspectos, o governo atual do Irã “é, provavelmente, o pior regime desde o nazismo alemão”. Fazendo coro com opiniões que distorcem os fatos a partir de uma ótica sionista, racista e exclusivista, segundo a qual somente Israel tem direito à existência segura no Oriente Médio, o pesquisador defende a mesma opinião dos reacionários daqui, pagos pelo lobby sionista nos meios de comunicação, a de que existe ‘‘uma profunda ideologia antissemita”. Falando a linguagem dos militares e do nacionalismo fanático, não a dos acadêmicos, o israelense afirmou que “a combinação entre a ideologia antissemita e armas nucleares é algo que nós simplesmente não vamos aceitar”.

Estado pária

Em algum momento, porém, Jonathan Fine é fiel aos fatos. É quando interpreta as posições oficiais do governo israelense e revela as verdadeiras intenções desse “rogue State” (Estado Pária), para usar a expressão com que o Pentágono, a Casa Branca e seus aliados tratam os governos de que divergem: “O debate principal que ocorre em Israel é sobre quando e como invadir o Irã”, diz sem cerimônia. Mais adiante: “Então a pergunta que fica é: quanto tempo mais nós poderemos esperar? Algumas pessoas (do governo) acham que Israel deve agir imediatamente, mas alguns acreditam que alguns meses não farão diferença. Mas a decisão terá de ser tomada por Israel. Porque o Irã não está ameaçando os Estados Unidos, está ameaçando a gente”.

A lógica do raciocínio do entrevistado é unilateral e mentirosa. Parte da premissa falsa de que o Irã ameaça Israel com a arma nuclear. O Irã não só não tem arma nuclear, como está comprometido a não possuí-la, porquanto é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear e tem dado reiteradas declarações nesse sentido. Em pronunciamento no último dia 30 de agosto na abertura da 16ª Reunião de Cúpula do Movimento de Países Não Alinhados realizada em Teerã, o líder Ali Khamenei declarou que para a República Islâmica o uso de armas nucleares “é pecado imperdoável”. Defendeu o domínio da tecnologia nuclear com fins pacíficos “para todos os países” e a posse de armas nucleares para “nenhum país”. Por seu turno, Israel possui ilegalmente armas nucleares e não assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear. Já os Estados Unidos, seu principal aliado, financiadores e fornecedores de ajuda militar a Israel, já usaram armas nucleares e jamais se comprometeram a não mais fazê-lo.

Exterminador

Questionado sobre o apoio de Obama ou de Mitt Romney para o sucesso dos planos aventureiros de Israel, Fine foi enfático: “A decisão de invadir ou não o Irã não depende disso”. Admitindo que “as relações entre Obama e Netanyahu estão tensas”, ele assegura, porém, que “pouco importa quem vencer as eleições” [nos EUA]. Fine diz que a política internacional dos Estados Unidos pouco mudou entre um governo e outro (…) “Israel e os Estados Unidos têm muitos interesses em comum, apesar das divergências(…) a verdade é que a relação entre os dois países é mais profunda e não irá mudar muito independentemente de quem vencer. (…) Os EUA sempre foram amigos de Israel, e Israel depende dos Estados Unidos”. Embriagado por um espírito de exterminador, o pesquisador israelense diz em outra passagem da entrevista que “os iranianos sabem que, se tentarem alguma loucura, os Estados Unidos vão acabar com eles”.

Provocações ao Brasil

Adotando um comportamento padrão entre os porta-vozes do sionismo, Jonathan Fine fez provocações endereçadas ao governo brasileiro e às esquerdas do País. Ignora que o Brasil é pacifista e não tem interesse em se envolver nas aventuras bélicas do Estrado israelense. Critica a esquerda porque sabe que no Brasil esta é majoritariamente favorável à luta do povo palestino por sua autodeterminação e a criação do seu Estado independente com capital em Jerusalém Leste. Os sionistas não perdoam o fato de que a esquerda brasileira condena a política de extermínio de Israel contra os palestinos e sua conduta guerreira no Oriente Médio. O Brasil tem uma política externa independente e não carece dos conselhos de um país que age como força desestabilizadora do quadro mundial e se afigura como uma ameaça à paz e à segurança internacional.

Outras vozes em Israel

Felizmente, porém, para tristeza dos fanáticos que financiam as viagens dos pregoeiros da agressão militar contra países soberanos, em Israel não se escuta apenas o rufar dos tambores de guerra. Há também autoridades críticas desse rumo que põe em risco a própria população do país. São vozes mais prudentes e equilibradas. “Um ataque ao Irã poria em perigo o futuro de Israel, afirmou Eliyahu Winograd, um ex-magistrado da Corte Suprema israelense em entrevista a uma emissora de rádio neste domingo (2).

“Cairia sobre Israel uma chuva de mísseis disparados não só desde o Irã, mas do Hezbolá e não parece que o país tenha suficientes refúgios nem máscaras anti-gases para enfrentar tal contingência, disse Winograd, presidente do comitê que elaborou informe crítico sobre a guerra de 2006 contra o Líbano, aquela em que as forças agressoras israelenses foram fragorosamente derrotadas pelo Hezbolá.

“A estrutura política israelense não se consultou bem com a direção militar sobre a preparação da campanha libanesa”, afirma o informe da Comissão Winograd.

O veterano magistrado se perguntou se o primeiro-ministro israelense, Benyamín Netanyahu, e titular da defesa israelenses, Ehud Barak, têm em conta as lições aprendidas depois do que descreveu como a "segunda guerra do Líbano".

“Se não têm em conta, estamos com problemas”, disse o entrevistado, que assegurou que tanto os órgãos de segurança israelenses, o Mossad e Shin Bet, como os altos comandos militares desaconselham um ataque contra a República Islâmica iraniana.

Teerã tem reiterado que uma agressão contra si será "devastadora" para Israel, depois que circularam informações ainda não confirmadas oficialmente, segundo as quais Tel Aviv elaborou um plano baseado em um ataque cibernético prévio aos bombardeios com mísseis contra instalações nucleares iranianos.

Da Redação do Vermelho, com informações do Portal Terra e da agência Prensa Latina