População reclama da violência e truculência policial

Após o anúncio de que a Força Nacional de Segurança Pública vai reforçar o combate à violência e crimes no Distrito Federal (DF), a população falou sobre a segurança na capital federal.

Os relatos foram de reclamação sobre a abordagem feita por policiais, principalmente a jovens na periferia das cidades, e também da falta de policiamento ostensivo.

"A Força Nacional atuou durante uns seis meses no Jardim Ingá, cidade onde moro, e senti uma redução da violência. Os bandidos ficam assustados com a presença de mais policiamento. Mas, apesar da presença da Força Nacional trazer maior sensação de segurança, eu não concordo com a abordagem de alguns desses policiais. Não são todos, mas a maioria já chega achando que todo mundo é bandido. Seria melhor se eles fossem menos brutos. Espero que a presença deles aqui no DF reduza a violência", disse o operador comercial, Luís Pereira de Araújo, de 22 anos.

Para a farmacêutica Marilene Sandim de Castro, 60 anos, a criminalidade não deve diminuir com o apoio dos agentes da Força Nacional. "A violência aumentou muito nos últimos anos. Acho que a razão disso é porque divulgam que o poder aquisitivo do brasileiro aumentou, o que não é verdade. As taxas de desemprego continuam altas, a educação está horrível e não temos saúde de qualidade. A facilidade para adquirir as coisas aumentou, mas o poder aquisitivo continua o mesmo. Eu não acredito que a presença da Força Nacional vá melhorar a segurança aqui no DF.”

Força Nacional usa brutalidade

Na opinião do estudante, Philipe Almeida Barbosa, 20 anos, que veio de Minas Gerais, os homens da Força Nacional deveriam ajudar no patrulhamento nas ruas e não somente reforçar a segurança nas vias de saída da capital federal. "Desde que cheguei, estou morando em Taguatinga [cidade administrativa], e já tentaram me assaltar quatro vezes. Há dois anos, frequento o Plano Piloto [centro da capital] e noto diferença na segurança das duas cidades. Aqui em Brasília é mais tranquilo, sobretudo nas principais avenidas, tem mais patrulhamento. Acho que a presença da Força Nacional só nos limites do DF é uma medida segregacionista, já que protege a população daqui, mas exclui a do Entorno [região formada por municípios goianos que estão sob influência econômica do DF] .”

"Eu notei um aumento da violência nos últimos anos. Moro no Paranoá [cidade administrativa], e lá a violência está bem maior que aqui em Brasília. Eu nunca fui assaltado, mas já presenciei tiroteios em festas. O governo virou as costas para as comunidades carentes. Os jovens não têm oportunidades e acabam indo para o crime. É preciso intensificar a segurança e dar mais oportunidades aos jovens", disse o também estudante Matheus Pereira, de 18 anos.

Juliana de Andrade Santos, 29 anos, cobra mais policiais nas ruas. "A Força Nacional vai trazer maior segurança para a população do DF, mas não será 100% eficaz. A segurança tinha que ser feita para todos e não somente para a população daqui. Eu moro em Planaltina de Goiás [região do Entorno] há seis anos, e lá a violência toma conta. A população não se sente segura. Com a greve da Polícia Civil, por exemplo, a violência aumentou. Os crimes são cometidos mais por jovens, que não tem ocupação. O governo deveria promover medidas para ocupar os jovens, além disso, deveria haver mais policiamento [em todas as cidades]", disse a jovem, que está desempregada.

"A Força Nacional vai trazer maior segurança, mas o problema não vem só de fora. Aqui em Brasília, há muitas pessoas morando nas ruas, muitos dependentes de drogas. O viciado é, muitas vezes, quem comete os crimes para sustentar o vício. Eu moro em Ceilândia [cidade administrativa] há quatro anos, e apesar do histórico de grande de violência [na cidade], eu percebi que tem melhorado bastante. Para melhorar a segurança do DF, tinha que haver maior distribuição de renda, melhorar a vida da população. Enquanto existir pessoas que não têm emprego [ou outra ocupação saudável], a tendência é seguir o crime", avaliou Didácio Azevedo Soares Junior, 43 anos, engenheiro civil.

A vendedora Thuanny Rocha, 23 anos, também defende intensificação do policiamento nas ruas. O cozinheiro Leonardo Gonçalves, que já foi roubado, compartilha da mesma avaliação: "Eu acho que esse tipo de operação da Força Nacional não vai ajudar muito a combater a violência no Distrito Federal, eles precisam combater o crime dentro das cidades."