Isaura quer combater violência em Goiânia com escola integral

A candidata do PCdoB à Prefeitura de Goiânia (GO), Isaura Lemos, tem incluído em sua rotina de campanha a participação em todos os debates e entrevistas para os quais é convidada. Na última entrevista ao "Jornal Anhanguera 2ª edição", ela destacou os principais pontos do seu plano de governo, com ênfase para ações de combate à violência como a escola em tempo integral. 

Jornal Anhanguera: Candidata, boa noite. Em entrevista ao "Bom Dia Goiás" a senhora disse que sua prioridade seria a saúde, mas em seu plano de governo não há nenhum projeto de criação de UTIs. E olha que Goiânia precisa de 50 leitos para atender a demanda. Há projeto para isso?
Isaura Lemos: Sim. A criação das UTIs vai se dar através de convênios com os hospitais e com os serviços terceirizados que já possuem convênios com a prefeitura. Nós pretendemos sim ampliar o número de leitos em UTIs, especialmente UTI neonatal, porque é um absurdo. No centro materno, por exemplo, quantas vezes nós vemos pais de família, mães, sofrendo demais por seus filhos, crianças recém-nascidas, estarem em estado gravíssimo e precisando de UTI. Então nós vamos sim proporcionar ao cidadão, à cidadã, uma ampliação do número de UTIs no setor da saúde.

Jornal Anhanguera: Candidata, nós lemos no seu plano de governo que a senhora pretende fazer uma revisão dos contratos da prefeitura com as empresas do transporte coletivo. A senhora vai municipalizar esse serviço, vai mexer nessa estrutura do transporte de hoje?
IL: Nós precisamos dar uma resposta à população. Há muitos anos ficamos sem a concorrência pública. As empresas ficaram aí, ao seu bel prazer, tendo lucros e oferecendo um serviço de péssima qualidade. Depois, com a concorrência pública, assumiram compromissos com a população que não foram cumpridos.

Jornal Anhanguera: Quais?
IL: Por exemplo, os corredores exclusivos, os abrigos nos pontos de ônibus, o serviço automatizado para o deficiente físico. Nós recebemos denúncias diariamente e outras questões como mais ônibus nas linhas. Nós achamos que o número da frota não está nas ruas. Não existem 1.400 ônibus como era previsto.

Jornal Anhanguera: A senhora acha que o município tem condições de manter esse transporte? Comprar ônibus, contratar motoristas e cobradores?
IL: Eu penso que nós precisamos, primeiro, tentar com os empresários uma saída negociada, para que eles cumpram o que está previsto nos contratos. Caso eles não cumpram, nós seremos obrigados a criar o transporte municipalizado.

Jornal Anhanguera: No plano de governo, a senhora promete criar a Secretaria Municipal de Segurança Pública. Não seria melhor estabelecer parcerias com as polícias Militar e Civil do que criar uma secretaria com uma penca de cargos?
IL: Seria se o problema da violência urbana não estivesse aterrorizando tanto o goianiense. Mas o que nós vemos é que precisa ter um corpo de profissionais da prefeitura preocupados exclusivamente com essa questão. Nós precisamos de ações multidisciplinares, que envolvam todos os setores da sociedade.

Jornal Anhanguera:
De que forma, em termos práticos?
IL: Sozinha a prefeitura não faz nada. É uma nova atitude diante dos problemas que vai resolver. Nós queremos fazer parcerias com as ONGs, com as igrejas, com os Conselhos de Segurança que existem nos bairros e, onde não existir, implantar esses conselhos, para nos ajudar a encontrar medidas que coíbam o crime, que coíbam a violência, e, especialmente, que combatam a epidemia do crack, que tem sido um horror às famílias, ceifado vidas, destruindo famílias em Goiânia. Nós temos que envolver toda a sociedade. A minha gestão é de envolvimento com a sociedade para enfrentar os desafios que são grandes, especialmente nessa área de violência.

Jornal Anhanguera: Outra promessa é transformar as escolas convencionais em escolas de tempo integral. A senhora já fez um levantamento de qual o custo desse investimento e se a prefeitura tem dinheiro para isso?
IL: Esse é um plano em nível nacional e que nós queremos iniciar pelos bairros mais afastados e onde a vulnerabilidade das criança é maior. Então, nós vamos sim, nos bairros onde a violência está num índice maior, implantar a escola de tempo integral justamente para que as crianças, os adolescentes, não fiquem nas ruas. Eles estão sendo cooptados pelo crack.

Jornal Anhanguera: A senhora sabe o custo?
IL: O custo exato nós não sabemos. Mas nós temos várias escolas que já têm uma estrutura boa nos bairros afastados. Com um restaurante e uma sala para atividades extracurriculares nós resolveremos a questão. Não fica tão caro assim quando se trata do combate à violência e do retorno que nós vamos ter com isso, de não ver as crianças nas ruas à mercê de tráfico e da marginalidade.