Renato Rabelo: Sobre os 60 anos do BNDES

E o BNDES é alvo tanto dos elogios quanto dos ataques. Os ataques a esta instituição não são nada criativos. "Interventor indireto no mercado", "financiador de empresas nacionais com estratégias globais", “falta de transparência” (como se houvesse alguma transparência no sistema financeiro privado), "promotor de empresas politicamente incorretas ambientalmente", etc.

É nossa opinião que o BNDES, como banco estatal de fomento, deve ampliar seu raio de ação, tanto dentro quanto fora do Brasil. É o necessário braço financeiro da expansão de nossas infraestruturas e das infraestruturas de nossos vizinhos. É elemento de proa tanto na integração física nacional quanto na integração sul-americana. A realidade demonstra isso. Foi a partir de ações executadas por bancos estatais que países como a China e a Índia estão a resistir à crise financeira internacional.

Foi a partir da mobilização de uma das maiores instituições financeiras de fomento do mundo (o próprio BNDES) que o Brasil pôde e está fazendo frente a esta grande turbulência econômica internacional. O BNDES não deve estar a serviço de ideologias alienígenas como as que nos acometeram na década de 1990, momento aquele em que o próprio BNDES foi agente do financiamento de transferência de riqueza do setor público ao setor privado internacional.

É com este sentido histórico e estratégico que compreendemos as razões por detrás de tantas críticas ao papel do BNDES. Afinal ele voltou a desempenhar a função para o qual foi fundado. E é com este sentido histórico e estratégico que não somente comemoramos o 60º aniversário desta instituição, mas também confundimos a defesa deste banco com a própria defesa da soberania financeira de nosso país.