Povos do campo defendem Unidade por Terra,Território e Dignidade 

A Declaração Final do Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas – que aconteceu esta semana em Brasília -, foi entregue ao ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, por um grupo de 15 mulheres, representantes dos vários movimentos que fazem parte desse momento de unidade das lutas do campo.

Povos do campo defendem Unidade por Terra,Território e Dignidade - Agência Brasil

A declaração, que marcou o encerramento do Encontro Unitário, nesta quarta-feira (22), também representa uma demonstração de unidade política dos camponeses, pequenos agricultores, sem-terra, indígenas e quilombolas, além de ambientalistas, defensores dos direitos humanos e estudantes que participaram dessa construção, explica Rogério Nunes, representante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), uma das muitas entidades signatárias do texto.

O documento ressalta a importância da agricultura familiar e livre de agrotóxicos para garantir uma alimentação saudável para a população brasileira, além de pautas sobre a necessidade de ações mais efetivas do governo para acabar com a violência no campo, contra trabalhadores, trabalhadoras, comunidade tradicionais e indígenas.

O texto, que recebeu o título de “Unidade por Terra, Território e Dignidade”, destaca ainda a necessidade urgente da reforma agrária como política essencial para um desenvolvimento justo, o respeito às mulheres e a superação da divisão sexual de trabalho, além da garantia da educação no campo e a democratização dos meios de comunicação.

Situação inalterada

Para Rogério Nunes, o encontro é uma resposta aos desafios do nosso país para superar a desigualdade na distribuição da terra, que se mantém inalterada desde a década de 1920, lembrando o primeiro encontro de camponeses ocorrido no Brasil há 51 anos.

Os movimentos sociais do campo avaliam que “o projeto capitalista em curso no Brasil, representado no campo pelo agronegócio, tem como objetivo a acumulação de capital no setor primário, servindo aos interesses e domínio do capital estrangeiro no campo por meio das transnacionais”.

E que “a ofensiva desse projeto causa o esmagamento e a desterritorialização dos trabalhadores e trabalhadoras dos povos do campo, das águas e das florestas. Além disso, impede a realização da reforma agrária, a demarcação e reconhecimento de territórios indígenas e quilombolas”.

Críticas e propostas

O Encontro Unitário também denuncia, em seu documento final, os impactos sociais e ambientais negativos desse modelo de desenvolvimento, com o aumento da violência, a violação dos territórios dos pescadores e povos da floresta, a fragilização da agricultura familiar e camponesa, a sujeição dos trabalhadores e consumidores a alimentos contaminados e ao convívio com a degradação ambiental.

E defende “um projeto de vida e trabalho para a produção de alimentos saudáveis em escala suficiente para atender as necessidades da sociedade, que respeite a natureza e gere dignidade no campo”. E conclui que “para isso, é necessário realizar a Reforma Agrária, defender a nossa soberania territorial, garantir a soberania alimentar, desenvolver a agroecologia, com a centralidade da agricultura familiar e camponesa e de formas tradicionais de produção e educação do campo, indígena e quilombola como ferramentas estratégicas para a emancipação”.

Leia a declaração final do Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas.