Sionismo se depara com instabilidade e grande dissidência

Em discurso proferido no Seminário Nacional dos Movimentos Sociais sobre a Questão Palestina, realizado em 16 de agosto em Brasília, o embaixador do Irã, Mohamed Ali Ghanezadeh, criticou o apoio dado ao regime sionista e a ocupação das terras palestinas, que já ultrapassa seis décadas.

O evento foi coordenado por Acilino Ribeiro, diretor da Universidade de Políticas do Movimento Popular (Unipop), e contou com a presença, entre outros, de Maria Valéria, professora de Sociologia, do jornalista Beto Almeida, da TV Comunitária de Brasília e representante no Brasil da Telesur, de Beatriz Bissio, jornalista e cientista política, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do professor Fábio Duval, da Universidade Católica de Brasília, e do editor do Portal Vermelho, jornalista José Reinaldo Carvalho.

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Leia abaixo a íntegra do discurso de Gazadeh:

Senhoras, senhores e honrosos presentes,

A questão da Palestina é um dos mais longos conflitos históricos e ao mesmo tempo, um dos mais tristes. Há mais de 60 anos que o Oriente Médio e o mundo assistem nesta região a exaltação de um evento no qual o território de um povo foi pilhado.

Além de todos os conflitos existentes relativos a esse assunto, soluções políticas, jurídicas e outras tentativas sobre a questão Palestina, existe uma pergunta a ser feita para a humanidade: A ocupação é um ato lícito?

Depois da Segunda Guerra Mundial, por meio de uma conspiração programada nos centros sionistas e com alegações históricas infundadas, o território palestino foi ocupado por imigrantes europeus e de outros países.

O Reino Unido e os Estados Unidos da América foram os principais patrocinadores desse triste evento. Eles tentaram criar uma base para o sistema capitalista no coração do mundo islâmico.

Esse foi o ponto inicial das guerras e crises que perduram até agora, deixando um povo desabrigado, causando sofrimento para milhões de pessoas nos campos de refugiados fora de seu país. E assim várias gerações experimentaram o gosto amargo de perder seu lar. É um povo que não tem outra ambição a não ser a libertação de seu território.

O povo palestino resistiu com toda força perante as potências opressoras e há anos percebeu que a resistência é o único caminho para atingir o objetivo. A solução pacífica da questão palestina será possível quando todos os moradores da Palestina (sejam mulçumanos, cristãos ou judeus), participem de uma eleição livre para definir seu destino.

Chegou o momento que o mundo deve saber que as soluções impostas pelo ocidente e os projetos artificiais de paz para a Palestina nunca darão resultado por que uma paz sem levar em consideração a justiça, o direito do povo e sem dar aos refugiados o direito de voltar ao seu território, não será duradoura.

As experiências amargas nas décadas passadas demonstram que o insucesso e o abortamento das tentativas de alguns países e organizações para solucionar esse problema eram causados pela falta de interesse deles para procurar uma solução essencial e justa para a questão da Palestina, e o caráter beligerante e invasor do regime sionista.

Hoje com a evolução dos acontecimentos nos países do Oriente Médio e da África, os povos praticamente se alinharam ao eixo da resistência, porque as negociações com um regime que conseguiu ficar em pé somente respaldado pelo ocidente, são inúteis e nos deixaram frustrados.

Hoje os apoiadores do regime sionista devem suportar uma despesa bem maior que no passado para apoiar Israel. Porque os povos da região entraram no cenário e projetaram um futuro no qual os EUA e Israel não terão lugar.

Ao mesmo tempo, divergências internas apareceram e o regime sionista se deparou com a instabilidade e grandes agrupamentos dos dissidentes. Pode-se dizer que o sinal de alarme soa para Israel de dentro e de fora.

O Ocidente é obrigado a revisar sua política de apoio unilateral e injusta ao regime sionista. Porque eles estão bem conscientes de que os levantes populares no Oriente Médio e no norte da África começaram graças ao despertar islâmico e têm um caráter antissionista. Esta região jamais refletirá a dominação sionista no futuro.

Atualmente, os movimentos de resistência ao sionismo, graças ao despertar islâmico, alcançaram a superioridade estratégica em relação aos sionistas, porque os países da região são considerados praticamente a retaguarda estratégica da resistência islâmica frente a Israel.

Hoje, com o afastamento dos ditadores em alguns países da região, que eram compactuados com o regime sionista, os povos gritam que o regime sionista não tem legitimidade no território palestino, mesmo que ocupe o espaço de uma palma da mão. O sionismo é um regime que desconsiderou mais de 100 resoluções e declarações da ONU.

Mesmo os países ocidentais não estão mais dispostos a assumir incondicionalmente os custos do seu apoio ao regime sionista. Especialmente os países europeus, que tiveram a paciência esgotada diante da atitude reivindicartória, extremista e irracional de Israel. Pouco a pouco se ouvem os rumores no ocidente perguntando "até quando nós devemos pagar o preço da desobediência de Israel"?

Agora chegou uma oportunidade histórica, os soberanos no mundo devem aproveitar e colocar a história na direção certa, tirar o invasor da cena e devolver a pátria aos palestinos. É importante que todos os palestinos unidos resistam frente ao inimigo. Somente com a união e coesão nacional e seguindo o islã, o povo palestino poderá libertar os seus territórios invadidos, Al-Quds [Jerusalém] e recuperar seus direitos.

A Palestina é ocupada pelos estrangeiros, será que a humanidade silenciará diante da ocupação do território de um povo por estrangeiros?