EUA: Ganhadores do Nobel da Paz criticam programa de TV

Nove vencedores do Nobel da Paz pediram a suspensão de um reality show da TV dos Estados Unidos que trata a guerra como um jogo e tem gerado polêmica entre os americanos.

O primeiro episódio do programa Stars Earn Stripes (“Estrelas ganham galões”), no qual celebridades realizam exercícios militares, foi transmitido na noite desta segunda-feira 13 pela rede NBC, poucas horas após um protesto que reuniu cerca de 100 pessoas nos estúdios da rede em Nova York.

O programa tem oito “famosos” treinados por um militar de verdade para missões pseudo-militares. A equipe é liderada por Wesley Clark, ex-comandante das forças aliadas na Europa e ex-candidato presidencial do Partido Democrata.

Na segunda-feira à noite, Laila Ali, a boxeadora filha do lendário Mohamed Ali; Todd Palin, marido da ex-candidata à vice-presidência pelo Partido Republicano Sarah Palin; e o ex-campeão olímpico de esqui Picabo Street, entre outros competidores, se arrastaram pela lama, pularam de um helicóptero em um lago, dispararam contra uma guarita e destruíram uma porta a machadadas.

Não faltou nada: nem os uniformes militares, nem as armas automáticas, nem as lágrimas, nem o barro na cara, nem as explosões espetaculares.

A NBC apresentou seu novo ‘reality show’ como uma “homenagem aos homens e mulheres que servem no exército americano”, em um país que perdeu no Iraque e no Afeganistão 6.500 militares.

Nove ganhadores do Nobel da Paz, entre eles o sul-africano Desmond Tutu, um bispo anglicano famoso por sua luta contra o apartheid, pediram a supressão total do programa, denunciando sua tentativa “de associar a guerra a uma competição esportiva”.

“A verdadeira guerra é extremadamente mortal. As pessoas – militares e civis – morrem de uma forma que não tem nada de divertido”, escreveram os laureados, em uma carta aberta ao presidente da divisão de entretenimento da NBC, Robert Greenblatt.

Além de Tutu, a carta foi assinada por Adolfo Pérez Esquivel, Oscar Arias Sánchez, Rigoberta Menchú, Jody Williams, Mairead Maguire, Shirin Ebadi, José Ramos-Horta e Betty Williams.

Fonte: Carta Capital