Viúva de Arafat apresenta ação judicial por assassinato de líder

A viúva de Yasser Arafat, Suha Arafat, apresentará nesta terça-feira (31) uma ação judicial por assassinato contra pessoa desconhecida, depois de ter sido encontrada uma quantidade anormal de polônio nos objetos pessoais do ex-líder palestino, o que reavivou as hipóteses de envenenamento, segundo um comunicado.

Esta demanda com constituição de parte civil será apresentada durante o dia, em nome de Suha Arafat e de sua filha mais nova, Zawra, a Philippe Courroye, decano dos juízes do Tribunal de grande instância de Nanterre, perto de Paris.

"Esta demanda por assassinato contra pessoa desconhecida – de tal forma que Suha e Zawra Arafat não acusam ninguém: nem Estado, nem grupo, nem indivíudo – não prescreveu porque é feita menos de 10 anos depois de ocorridos os fatos e porque tem por objetivo estabelecer a verdade em memória de seu marido e pai", indica o comunicado do advogado Pierre-Olivier Sur.

"Suha e Zawra Arafat confiam plenamente na justiça francesa e, para permitir que realizem seu trabalho de forma completamente independente, não fornecerão nenhuma entrevista durante o andamento da investigação criminal, exceto se alguém tentar instrumentalizar politicamente esta situação", indica o comunicado.

Arafat morreu no dia 11 de novembro de 2004 no hospital militar de Percy, perto de Paris. A razão da morte do ex-líder palestino permanece desconhecida, embora o comunicado oficial aponte a falência múltipla dos órgãos. O relatório das análises foi considerado sigiloso na época, o que gerou dezenas de teorias conspiratórias em torno de seu falecimento. Segundo alguns jornais, as especulações aumentaram também devido ao fato de Arafat ter adoecido subitamente. Em menos de um mês ele precisou ser transferido para a França a fim de fazer exames e procurar tratamento, mas não resistiu.

A tese de envenenamento foi reavivada recentemente pela divulgação de um documentário na rede de televisão Al-Jazeera que afirma que o Institute for Radiation Physics de Lausanne (Suíça), que analisou amostras biológicas extraídas dos objetos pessoais de Arafat, encontrou nelas "uma quantidade anormal de polônio".

Yasser Arafat foi líder da Autoridade Nacional Palestina (ANP), do grupo Fatah e presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Era co-detentor do Nobel da Paz.

Em 1993, Arafat e Yitzhak Rabin, primeiro-ministro de Israel à época, assinaram o Acordo de Oslo, que reconhecia o estabelecimento da Autoridade Nacional Palestina (ANP) em parte da Faixa de Gaza e na cidade de Jericó. O acordo foi marcado pelo histórico aperto de mãos dos dois líderes, no gramado da Casa Branca.

No ano seguinte, Israel estabeleceu relações diplomáticas com a Jordânia e com a Turquia. E pouco tempo depois, no dia 28 de setembro de 1995, novo acordo foi firmado (Oslo II), ampliando o controle da ANP sobre as grandes cidades da Cisjordânia, exceto Jerusalém.

O acordo não agradou a todos. Em Israel, a extrema direita considerou o ato de Rabin uma traição. Em novembro de 1995, Rabin levou três tiros no estômago e no peito, enquanto participava de uma passeata pela paz, com 100 mil manifestantes. Após a morte de Rabin, as tentativas de paz encabeçadas por Arafat se fragilizaram e o líder perdeu forças.

A ocupação israelense continuou e, ao longo dos anos 90, os assentamentos judeus ilegais foram expandidos. Desde então, novas tentativas de paz fracassaram.

Copm agências