Policiais que trabalharam no Caso Cachoeira estão temerosos

O Instituto de Identificação (II) da Polícia Civil finalizou o trabalho de produção de dois retratos falados da dupla de suspeitos de matar o agente Wilton Tapajós Macedo, 54 anos.

Ele trabalhou na Operação Monte Carlo, que culminou na prisão do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e foi assassinado com dois tiros à queima-roupa na terça-feira quando visitava o túmulo dos pais no Cemitério Campo da Esperança. Para não prejudicar as investigações e alertar os suspeitos, as imagens produzidas pelo II ainda não serão divulgadas para a imprensa.

Sobre a preocupação dos federais com a própria segurança, um grupo de servidores levou o caso ao conhecimento do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (Sindipol). Eles manifestaram o temor e pediram orientação. Eles acreditam que o assassinato do colega tem relação com as investigações feitas pela corporação e que estão em andamento no Núcleo de Inteligência Policial (NIP) da Superintendência Regional da Polícia Federal.

A hipótese não está descartada, principalmente com o aumento do leque de linhas de investigação. Policiais envolvidos no caso avaliam que, pela forma como a morte ocorreu, os dois homens apontados como autores do crime, são profissionais. A PF suspeita, inclusive, da suposta participação de um policial de outro estado na morte de Wilton Tapajós.

Apoio

O presidente do Sindipol, Jones Leal, afirma que a princípio nenhuma hipótese será descartada, mas ele não acredita que os envolvidos sejam tão audaciosos a ponto de atentar contra a vida de um outro policial. “Tanto a Polícia Federal quanto a Polícia Civil e a Polícia Militar, estão nos apoiando para identificarmos e prender os autores”, disse.

A hipótese da participação de profissionais na execução do policial ganha força pela dinâmica do assassinato. O autor dos tiros atingiu a têmpora da vítima com o primeiro tiro. Ele teria se aproximado e efetuado o segundo disparo à queima-roupa para ter certeza da morte. Pode ter, ainda, recolhido os projéteis das balas para não deixar vestígios no local do crime.

Laudo preliminar

A perícia vasculhou a área onde o corpo do policial ficou caído, inclusive com detector de metal, mas não teria encontrado os projéteis para identificar a arma utilizada no assassinato. Pela urgência do caso, é possível que seja emitido um laudo preliminar. O documento fornecerá elementos que podem direcionar linhas de investigação.

Com base na suspeita dos autores serem de outro estado, a PF pediu apoio à Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar de outras unidades da Federação para ajudar nas prisões.

O delegado Matheus Mella Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlos e último chefe de Wilton Tapajós, afirmou, no sepultamento do subordinado, que é obrigação da Polícia Federal localizar e prender os envolvidos. “A PF toda está no encalço dos autores e não vai dormir enquanto não elucidar esse caso”, prometeu. Segundo ele, o agente foi o policial mais competente que conheceu e poderia descansar em paz na certeza da prisão dos autores.