Onda de assalto assusta carteiros em São Paulo

Não é de hoje que o Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos de São Paulo (Sintect-SP) alerta para a onda de assaltos que enfrentam os carteiros e motoristas diariamente nas ruas de São Paulo.

Há casos de trabalhadores que, em apenas em um dia, sofreram dois assaltos. “Eu falei olha, chegou atrasado. Não tenho mais nada, acabei de ser roubado. Abri o carro para ele confirmar que não tinha nada. Em um dia só queriam me roubar duas vezes seguidas”, lembra ele.

Traumatizados, alguns carteiros foram afastados do trabalho por recomendação médica.

Revezamento de escolta

Na tentativa de reduzir os assaltos, escoltas armadas agora acompanham os carros de entrega em algumas regiões da cidade, em dias alternados. Os seguranças vigiam o tempo todo.

Os assaltantes visam principalmente as entregas rápidas, lacradas, que levam de cartões de crédito a produtos eletrônicos. Em entrevista concedida à imprensa um motorista, assaltado, confessa que nem sabe o que tinha no caminhão dele. Desde janeiro, ele diz que só saiu escoltado uma vez. "É um tipo de sorteio, é uma área perigosa, então ela obrigatoriamente ela sai com escolta", fala ele.

De acordo com o Sintect-SP, outra estratégia da empresa, que não resolve o problema, é revezar a escolta. "Quase sempre o correio tira de uma região para colocar em outra. Isso não resolve só piora o problema. Enquanto ele tira de uma região para colocar em outro, naquele setor que ele tirou a escolta, naquele momento está acontecendo assalto”, aponta o dirigente do Sindicato dos Carteiros de SP e da CTB, Ricardo Souza, o Peixe.

Segundo os funcionários, a orientação da empresa é entregar em qualquer lugar. O que para os carteiros, é um trabalho de risco. “Tem várias empresas que entregam encomenda, não entram naquele lugar, aí eles postam a encomenda no correio. Aí o correio vai lá e entrega”, revela o funcionário assaltado inúmeras vezes.

Em nota, a empresa dos Correios informou que fazem investimentos em tecnologia de rastreamento de cargas e trabalham em conjunto com os órgãos de segurança pública de São Paulo para diminuir os roubos de encomendas. A empresa indeniza os remetentes das mercadorias roubadas.

Profissão de risco

Na grande São Paulo, na região do ABC, metade dos 90 funcionários que trabalham nos serviços de entrega de encomendas rápidas (como Sedex) foi alvo de ação criminosa neste semestre.

Segundo o Sindicato só em 2012 já ocorreram em média 25 assaltos por mês em Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá.

Após os assaltos, grande parte dos carteiros é encaminhada a psicólogos e ficam afastados do trabalho por 15 dias. Neste ano, ao todo, 16 carteiros foram afastados de suas funções após serem roubados em serviço.

Muitos carteiros dizem trabalhar com medo e acabam não levando seus objetos pessoas para o trabalho, como por exemplo, carteira e celulares.

Antigamente os carteiros eram alvo de bandidos por transportarem cheques e cartões de crédito, porém hoje, com o aumento de compras online, os alvos dos bandidos se estendem a mercadorias, como por exemplo, aparelhos eletrônicos.

Aliança

Diversos protestos têm sido realizados nas portas de Centro de Distribuições para exigir que os Correios tomem medidas concretas para por fim à quantidade absurda de assaltos que estes trabalhadores vêm sofrendo durante a execução de seus serviços.

De acordo com Elias Cezário, o Diviza, presidente do Sintect, na tentativa de reverter esse cenário alarmante, o sindicato tem se reunido com representantes da empresa e com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, que se comprometeram a adotar um plano de ação e segurança, em parceria com as polícias militar e civil, com o objetivo de coibir os assaltos.Outras medidas também estão sendo analisadas, como a implantação de chips de localização nas entregas.

Outra questão importante levantada é que além de todas as possíveis alterações na forma de entrega das correspondências, e pelo maior acompanhamento da segurança pública aos serviços prestados pelos Correios, outro fator que pode ajudar a reduzir os assaltos são as denúncias que a população pode fazer ao saber de pessoas que possam estar envolvidas com estes assaltos, através do disque-denúncia, que é anônimo e garante sigilo absoluto, através do fone 181.

"Este tipo de denúncia beneficia não só trabalhador dos Correios, que sofre com os assaltos, mas também toda a população que é prejudicada, por não receber as suas correspondências e encomendas como deveria", afirma Diviza.

Fonte: CTB