Parlamentares defendem reconvocação de Marconi Perillo

Integrantes da CPI do Cachoeira – que investiga a relação do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos – defenderam neste sábado (14) que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), seja reconvocado para explicar o "compromisso" firmado entre ele e a Delta Construções, com a intermediação do contraventor, assim que assumiu o cargo no ano passado.

O acerto, cujo teor integra o relatório da Polícia Federal, inclui a liberação de créditos milionários da empreiteira com o governo goiano mediante suposto pagamento de propina a Perillo.

O "compromisso" envolveria até a compra da casa do governador por Cachoeira, paga, segundo a PF, com recursos da Delta. À medida que o governador recebia as parcelas pela venda do imóvel, segundo a polícia, os créditos da Delta eram pagos. De acordo com uma reportagem da revista Época, a direção nacional da empreiteira tinha conhecimento das negociações.

Em depoimento à CPI no mês passado, Perillo negou envolvimento com a Delta e com o bicheiro. Ele insiste que a venda da casa, onde Carlinhos Cachoeira foi preso no fim de fevereiro, foi legal.

"São gravíssimos os fatos, o que torna inevitável a reconvocação do governador Marconi Perillo. Os elementos mostram que o governador mentiu para a CPI", afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que apresentará nesta segunda-feira (16) o pedido para reconvocar o governador e ter acesso ao relatório da PF. "Está demonstrado o elo entre Cachoeira, Delta e Marconi", disse o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).

Com base em interceptações telefônicas, a reportagem da revista aponta que Cachoeira se desfez da casa com o receio de perder negócios no governo caso fosse revelada sua relação com Perillo. A mulher do contraventor, Andressa Mendonça, não queria deixar o imóvel, no qual teria gasto mais de R$ 500 mil para mobiliá-lo e decorá-lo.

Segundo a PF, o imóvel foi repassado para o empresário Walter Santiago, que pagou R$ 2,1 milhões pela casa. Foram R$ 1,5 milhão para Cachoeira, R$ 100 mil para Lúcio Fiúza, então assessor de Perillo, e outros R$ 500 mil ao governador, levados por Fiúza.