Educando para a libertação

Experiência agroecológica vem acompanhada de criação de centros de formação em agroecologia. Os movimentos que integram a Via Campesina estão convencidos da importância da formação de consciência dos jovens camponeses na transição para o modelo agroecológico.

Camilla Hoshino,

de Curitiba (PR)

Só no Paraná, o MST inaugurou quatro Escolas de Agroecologia nos últimos sete anos: a Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA), na Lapa; a Escola José Gomes da Silva, em São Miguel do Iguaçu; o Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (Ceagro), em Rio Bonito do Iguaçu, e a Escola Milton Santos, em Maringá.

O projeto político e econômico da agroecologia exige uma educação camponesa que vá além das paredes da escola, possibilitando uma reflexão a partir do diálogo com elementos da realidade. O objetivo desse processo pedagógico, orientado pelas bases libertadoras de Paulo Freire, é que o educando alcance o potencial do que José Maria Tardin classifica como “militante-técnico-pedagogo em agroecologia”. Dessa forma, é possível que os jovens se tornem protagonistas do resgate da cultura e dos valores junto à comunidade e sua organização social.

Integrante do setor pedagógico da Escola Latino Americana de Agroecologia, Tardin explica que devemos pensar o educando como militante, uma vez que ele está comprometido com sua organização, com sua classe e possuiu a responsabilidade de atuar tecnicamente junto às famílias camponesas, promovendo a consolidação da transição para o modelo agroecológico.

“Em terceiro lugar, pensá-lo como pedagogo significa entender que ele não está sendo formado em uma escola técnica ou universidade tradicional que promove, direta ou indiretamente, a invasão cultural do capital sobre o campesinato, mas está problematizando sua realidade e elevando seu protagonismo político e social”, completa.

Fonte: Brasil de Fato