Erundina declara apoio a Fernando Haddad em São Paulo

Depois da repercussão por conta de sua desistência à candidatura de vice na chapa de Fernando Haddad (PT), à prefeitura de São Paulo, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) reafirma seu apoio ao candidato do PT. “Foi um momento traumático. Estava entusiasmada para integrar uma chapa e contribuir com a vitória do caniddato que é o melhor neste cenário que está posto nas eleições municipais”, afirmou Erundina, que também deve ir às ruas pedir voto para Haddad.

A deputada federal concedeu uma entrevista para a TV Fórum, em parceria com a Pós-TV do Fora do Eixo. O principal tema foi a retirada de sua candidatura da chapa de Fernando Haddad. Mas a deputada também falou sobre sua relação com o PT, democratização do poder e da comunicação, cultura digital e a forma como São Paulo é administrada.

Erundina, além de comentar a difícil decisão de desistir da candidatura. também falou sobre a forma como se sentiu agredida com a forma como foi consolidado o apoio do PP, de Paulo Maluf. O que mais a agrediu, ainda de acordo com suas palavras, foi a imagem de Lula junto com Maluf e não o apoio do PP à candidatura Haddad.

“Aquela foto mais que me irritou, me agrediu. Fui perseguida pela ditadura e ele não só apoiou a ditadura, como foi agente e corresponsável pelos crimes de violação de direitos humanos”, frisou. Mas “eu faço política preocupada não só com a essência dos fatos, mas também com o subliminar desses fatos. Aquele episódio estabeleceu um padrão médio único de compreensão dos fatos políticos que eu não aceito. Aquela figura e nós, com toda nossa história de resistência à ditadura e reconstrução da democracia, sem dúvida nenhuma estivemos em lados opostos”, explicou. Para ela, aquela imagem dialoga com símbolos e Maluf foi muito inteligente em manipulá-los.

O projeto do Haddad é o melhor para a cidade

Mesmo dizendo-se ofendida e agredida com o apoio de Maluf à candidatura petista, Erundina fez questão de reafirmar seu apoio ao candidato Fernando Haddad. “Não estou negando meu apoio ao projeto, que sem dúvida nenhuma é o melhor. Ou no mínimo iremos fazer com que seja o melhor”. Sobre a forma como se dará o seu apoio na campanha, Erundina afirmou que isso vem sendo estudado, mas que estará nas ruas.

Sobre a sua relação com o PT, afirmou que os princípios que ela aprendeu no partido ainda orientam a sua atuação política. “Quando eu falo que mudei de casa na mesma rua, isso é real. Os princípios que aprendi, incorporei, que eu tentei ser fiel a eles quando vim ao PT. Eu não abri mão deles e eles norteiam a minha militância em relação a tudo”, frisou.

Quando foi questionada por internautas sobre o apoio que recebeu do ex-governador Orestes Quércia na eleição de 2004, esclareceu: “Eu não comparo Quércia a Maluf. O Quércia foi perseguido, o Maluf foi artífice, foi um dos atores principais que mantiveram o golpe, que atrasaram a democracia no País. Não dá pra comparar”, disse.

Política higienista de Kassab é repugnante

Além da polêmica sobre sua saída da chapa de Fernando Haddad, Luiza Erundina comentou a política praticada pelo atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e defendeu a descentralização do poder na cidade. “Cada subprefeitura é uma grande cidade. Temos que descentralizar o poder.” Para ela, o número de secretarias deveria ser reduzida e as subprefeituras teriam que ter sua autonomia ampliada. “Não dá para governar uma cidade com quase 12 milhões de habitantes de forma centralizada em secretarias departamentalizadas”.

Sobre a política de Kassab para o centro da cidade, especificamente a região da Cracolândia, a deputada federal afirmou que ela é ineficiente e repugnante. “Essa política higienista é repugnante e não é eficaz. Tem um viaduto perto da onde eu moro e a população da rua ocupa o viaduto pela manhã, desaparecem e voltam à noite. Isso é danoso ao cidadão e fica aquela coisa de gato e rato. Eles se escondem em algum buraco enquanto os guardas estão por lá, e depois voltam. Isso é inaceitável em uma cidade como São Paulo “, afirmou.

Erundina criticou ainda a falta de representatividade da população nas decisões do poder público municipal. “Os cidadão não são tratados como tais e não são chamados a influir no destino da cidade como sujeitos. A cidade é do cidadão”, destacou.

A deputada federal ainda criticou as ações do governo estadual na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos. “O valor maior não é o cidadão, seus direitos fundamentais. São negócios que não aparecem na repressão do estado na defesa de um patrimônio. Um bem que está ocioso se transforma em bem comum. Temos que ter ações efetivas para acabar com a especulação imobiliária. Nós inclusive entramos com um projeto de lei para regular essa questão da propriedade do bem para seu uso social”.

Fonte: Revista Forum