Sociedade deve se mobilizar pela apuração dos crimes da ditadura

A mobilização da sociedade é que vai permitir a apuração e punição dos crimes de tortura, morte e desaparecimento cometidos por agentes públicos aos presos políticos durante a ditadura militar no Brasil. A opinião foi manifestada pela presidente da Comissão Parlamentar da Verdade, deputada Luiza Erundina (PSB-SP), na abertura do seminário internacional sobre a Operação Condor, que ocorre na quarta e na quinta-feira (4 e 5) na Câmara.

Sociedade deve se mobilizar pela apuração dos crimes da ditadura - Agência Câmara

Ela espera que a pressão da sociedade civil torne possível a revisão a Lei da Anistia para punir os agentes do regime militar que torturaram presos políticos. E acredita que o debate pode ajudar a sensibilizar a população sobre os crimes ocorridos na ditadura.

Luiza Erundina admitiu que não há clima político para alterar a Lei da Anistia, mas espera conseguir a mudança com a pressão popular. “Forçaremos no limite do poder dos nossos mandatos para não somente descobrir os torturadores, mas fazê-los pagar por isso.”


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Conhecimento escasso

O evento, promovido pela comissão parlamentar, que é ligada à Comissão de Direitos Humanos, reúne jornalistas, parlamentares e pesquisadores dos cinco países e dos Estados Unidos para debater a aliança político-militar entre os regimes ditatoriais de cinco países da América do Sul: Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, que originou a Operação Condor, criada nos anos 1960.

“É escasso o conhecimento sobre a Operação Condor. Os governos desses cinco países devem uma posição pública de perdão sobre essa operação. Quem sabe essa iniciativa, de trazer especialistas desses países, possa fazer avançar a justiça de transição”, afirmou Erundina, lembrando que o objetivo da operação era coordenar a repressão aos opositores das ditaduras e eliminar líderes de esquerda que militavam nos cinco países.

“Arquivo do terror”

A Operação Condor acentuou-se com o golpe militar no Chile que, em setembro de 1973, derrubou o governo socialista de Salvador Allende. Até hoje não se tem uma dimensão exata sobre o número de vítimas da operação.

Os “arquivos do terror” – quatro toneladas de papéis descobertos no Paraguai, em 1992 – preservou intactos diários, arquivos, fotos, correspondências e a rotina da operação. São mais de 60 mil documentos, totalizando 593 mil páginas microfilmadas pela burocracia da repressão. Esse arquivo resultou nas seguintes estimativas: 50 mil mortos, 30 mil desaparecidos, 400 mil encarcerados.

Da Redação de Brasília
Com Agência Câmara