A Curva Secreta da Linha Reta: o romance de Mário Rodrigues

O escritor Mário Rodrigues lançou, no ano passado, o seu primeiro romance “A Curva Secreta da Linha Reta”, finalista do Prêmio SESC de Literatura. Não foi esta, porém, a primeira vez que teve o seu talento reconhecido. A coletânea de contos “O Vendedor de Seriguelas” já recebeu menção honrosa em edição passada do mesmo prêmio.

Por Cícero Belmar

A Curva Secreta da Linha Reta

Esta “Curva Secreta” conta a história de um artista plástico que faz uma viagem para vingar a morte da mulher amada. Ele está num barco que sai de São Luís (Maranhão) e vai até Alcântara. A bordo também está o assassino. Na travessia, o autor vai revelando as aventuras amorosas do personagem. Foram cinco. Cada uma com suas peculiaridades.

A mulher que morreu, o artista plástico descobriu tardiamente, era a que ele mais amava. E ela foi morta tragicamente. Esta história, cujo desfecho justifica o título do livro, poderia ter uma narrativa chata e desinteressante. Mas o autor é antenado.

O livro é ágil, dinâmico e o leitor atento percebe de cara que a principal característica da obra está na busca de uma forma contemporânea de expressão. Uma forma que não seja óbvia. Mário Rodrigues tem uma história simples para contar e não quer contá-la de maneira tradicional, linear. Isso é legal, pois a busca de uma maneira diferente de contar uma história é a angústia de todo escritor que quer estar em dia com as tendências modernas.

Portanto, a leitura vai exigir um breve exercício do leitor. Mas nada que a comprometa. É o mesmo exercício que o autor precisou fazer para narrar a trama. Nos primeiros capítulos, o experimentalismo parece maior. É como se o escritor estivesse tentando se renovar a cada divisão do livro. E da metade para o fim, pega outro ritmo. No geral, é bacana e há partes que são irretocáveis.

Está claro que Mário Rodrigues é um bom escritor, apenas está começando. E, portanto, promete. Fica claro que ele tem domínio do que está escrevendo, por isso mesmo o leitor vai entender que algumas coisas estão propositadamente abertas no romance. Questão de estilo? O autor quer ter o leitor como cúmplice da escrita? Quando ele exagera ao descrever o tipo físico do artista plástico, quer indiretamente que o leitor conclua como é a psicologia desse homem atormentado?

Fica a cargo de cada um. É um.livro que dá para ler tranquilamente numa tarde de domingo. Vale a pena conferir o talento desse novo escritor pernambucano, natural de Garanhuns. Inclusive ele já anuncia para os próximos meses, um novo romance, cujo título é “Degradê”.

Fonte: Interpoética