Poema gigante na Praia de Copacabana pede atenção para oceanos

Depois das florestas e da atmosfera, agora é a vez dos oceanos entrarem na agenda ambiental. Foi um tema importante nos debates do projeto de declaração, que será submetido aos chefes de Estado ao final da Rio+20, só ficando de fora devido às pressões dos EUA que não aceitam regulamentar atividades em alto mar.

Copacabana: defesa dos mares em poema gigante

Mas a incorporação dos mares entre as preocupações ambientalistas teve uma vívida manifestação hoje (21). Em Copacabana, de frente para o mar, dezenas de pessoas aderiram a inusitada forma de protesto para pedir a preservação de oceanos. Em uma faixa de 150 metros estendida no calçadão, elas deixaram declarações de amor e cobraram dos governantes ações para salvar o ecossistema. A iniciativa é das Nações Unidas (ONU) que trouxe, pela primeira vez à América Latina, o artista espanhol Angel Arenas, idealizador do chamado Poema Gigante.

Os oceanos e mares são vitais para existência do ser humano porque produzem oxigênio e alimentos. Segundo a ONU, 3 bilhões de pessoas (quase metade da humanidade) dependem da biodiversidade marinha e costeira para sua subsistência. Mas infelizmente, segundo a Agência das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o tema não mereceu ações específicas de proteção no documento que será levado à apreciação dos chefes de Estado na Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.

A surfista carioca Carolina Nunes, 25 anos, foi à praia e aproveitou para ajudar na composição do poema. Deixou declarações que refletem sua preocupação com o lançamento de esgoto sem tratamento nas praias, com a quantidade de lixo na orla, que mais tarde acaba em alto mar. "Se você vai para praia, não deixe latinha de refrigerante, canudo, copo de mate e filipeta de festa. Tem época que a gente surfa em meio a isso tudo e a outras coisas bem mais nojentas que é melhor nem falar."

Quem também se preocupa com a quantidade de lixo na praia, principalmente pequenos dejetos, como guimbas de cigarro e canudos, é o gari Richards Santos, 28 anos. Ele fez uma pausa para dar uma bronca em forma de poema e pedir para as pessoas levarem de volta o que trazem à praia. "É muito lixo que a gente tira. As pessoas deviam ter mais cuidado, com latas e garrafas pet", declarou, enquanto parava rapidamente para deixar seu recado no poema.

O artista Angel Arenas se diz contente com o engajamento do público. Segundo ele, os oceanos estão esquecidos na agenda internacional e a ideia do poema era tirar o assunto dos encontros oficiais e trazer para a orla. "Só a população pode pressionar os governos agora. Nosso objetivo aqui é esse. Fazer com que [as pessoas] tomem consciência de sua força e cobrem a limpeza do mar", destacou sobre a obra, que será doada à prefeitura da cidade do Rio.

Fonte: Agência Brasil