Grécia forma governo de coalizão liderado pela direita

O líder do partido social-democrata Pasok, Evangelos Venizelos, anunciou nesta quarta (20) um acordo para formar um governo de coalizão na Grécia, liderado pelos conservadores do Nova Democracia e apoiado pela legenda Dimar, que se autointitula uma formação centro-esquerdista mas é do mesmo campo do Pasok. Firmada a aliança, falta apenas que os chefes dos três partidos pactuem o nome dos ministros que integrarão o Executivo grego.

"Nova Democracia, Pasok e Dimar vão formar o novo governo", anunciou Venizelos após sua reunião com o líder conservador, Antonis Samaras. Os três partidos são favoráveis ao acordo da Grécia com os credores europeus. Na prática, está sendo formado um governo de direita, que não representa novidades em relação àquele que estava no poder quando a crise começou.

Venizelos afirmou que "já foram cumpridos os requerimentos parlamentares para a formação de governo". Ele lamentou que o partido de esquerda Syriza, segunda formação mais votada nas eleições do domingo, não tenha aceitado fazer parte de um Executivo de união nacional.

O integrante do Pasok também anunciou que nesta tarde se reunirão os líderes das três formações que participarão da coalizão para "definir" quem ficará a cargo de cada ministério. Posteriormente, comunicarão sua decisão ao ministro das Finanças do governo interino, Yorgos Zanias, que amanhã a apresentará perante o Eurogrupo.

"O Pasok participará do governo com membros extra-parlamentares, como decidiu seu grupo parlamentar", disse o chefe do partido social-democrata. O mesmo fará o Dimar, segundo confirmou à Efe o porta-voz do partido, Andreas Papadópulos. "Decidimos dar nosso voto de confiança ao novo governo", disse o Dimar.

Atenuando um pouco o seu discurso depois do recardo que recebeu nas urnas, Venizelos reiterou que o novo gabinete terá uma "grande batalha" para conseguir a revisão dos termos do plano de resgate de 130 bilhões de euros firmado com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional.

Segundo ele, na cúpula europeia de 28 e 29 de junho, o governo "vai batalhar para a revisão do acordo de empréstimo e elaborar um marco que permita assegurar a reativação e lutar contra o desemprego, o grande problema do país". Vale ressaltar que a situação para os trabalhadores do país se agravou muito desde que a Grécia, subordinada aos ditames da União Europeia, começou a aplicar as medidas de austeridade que lhe foram impostas.

Antonis Samaras, líder do Nova Democracia, deve ser designado novo primeiro-ministro do governo, segundo fontes da presidência e da TV estatal grega. O atual presidente do Banco Nacional da Grécia, Vassilis Rapanos, deve ser o novo ministro de Finanças. Mas essa informações ainda não são oficiais. Samaras deveria ser recebido pelo presidente grego, Karolos Papoluias, às 13h GMT (10h de Brasília), segundo a presidência.

Negociações

Desde as eleições legislativas de domingo, nas quais o conservador partido Nova Democracia, de Samaras, foi vitorioso, os três partidos – Nova Democracia, o Pasok, e o Dimar – tentavam entrar em um acordo sobre uma plataforma política comum para as negociações da Grécia com seus credores.

A coalizão tem o objetivo de ampliar a base do governo, no entanto, trata-se de uma maioria precária e artificial, que não tem condições políticas de dar estabilidade ao país. A grande votação do partido de oposição Syriza – que ficou em segundo lugar nas eleições de domingo – é um sinal disto. De esquerda, o Syriza é contrário ao plano de austeridade imposto ao país por FMI e Eurobloco.

Já os três partidos da aliança são favoráveis ao acordo da Grécia com os credores europeus e já manifestaram um acordo de princípio sobre a urgência de uma aliança governamental para tirar o país da grave recessão com uma "renegociação do memorando". Em resumo, o que desejam agora – pós eleições – é dar mais flexibilidade ao plano de austeridade que apoiaram.

Parceiros europeus, especialmente a Alemanha – maior economia do bloco – admitem rever alguns prazos de pagamento dos empréstimos, mas rejeitam repetidamente a renegociação dos termos. "O novo governo deve se ater aos seus compromissos, com os quais o país concordou", disse a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, durante reunião do G20 no México.

Partidos tradicionais

O Nova Democracia e o Pasok se alternaram no poder desde o fim do regime militar grego, em 1974. No ano passado, a crise econômica que castiga o país forçou os arquirrivais a partilharem o poder, num governo de unidade nacional favorável ao pacote financeiro internacional.

Mas o apoio ao Pasok despencou neste ano, deixando-o num distante terceiro lugar eleitoral, atrás do Nova Democracia e do Syriza. Numa notável mudança de tom desde a eleição de domingo, líderes de partidos que sempre apoiavam o resgate agora falam em renegociar seus termos.

Com agências