Parlamentares debatem relação comercial entre Brasil e Argentina

As duas maiores economias do Mercosul – Brasil e Argentina – enfrentam dificuldades nas relações comerciais. A Argentina está impondo barreiras no setor automobilístico e da linha branca (geladeiras, micro-ondas, fogões), pois a livre entrada dos produtos brasileiros está dificultando o crescimento destes setores na Argentina. As dificuldades atuais no comércio entre os dois países está sendo discutidos pelos parlamentares est asemana.

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado realizou, nesta segunda-feira (18), a segunda audiência pública para debater as barreiras criadas pela Argentina aos produtos brasileiros. E nesta terça-feira (19) a Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul), discute o tema.

Parlamentares e representantes do setor privado dos dois países deverão participar do debate, que também contará com a presença do alto representante geral do Mercosul, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.

Na opinião do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que preside a representação, os parlamentares têm sido “marginalizados” das discussões sobre o comércio bilateral. “Em vez de promover uma guerra comercial com a Argentina, precisamos conversar. Montar um projeto comum de desenvolvimento industrial. O caminho que se delineia é o da unidade”, afirmou Requião.

Prejuízo para Rio Grande

O foco da discussão na Comissão de Direitos Humanos, que reuniu sindicalistas e a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, foi o impacto de tais barreiras sobre o mercado de trabalho no Rio Grande do Sul, estado que faz fronteira com aquele país. Segundo o presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), o protecionismo argentino, ao prejudicar as empresas gaúchas, provoca demissões em diversos setores, como o calçadista.

Além disso, o senador e os sindicalistas destacaram o impacto das barreiras argentinas sobre as negociações salariais no lado brasileiro, que, segundo eles, também foram prejudicadas. “Assim, quando não há demissões, pode haver redução de salários ou de jornada”, alertou Paim.

Outro problema apontado durante a audiência: com as barreiras, empresas instaladas no Rio Grande do Sul estariam planejando se transferir para a Argentina, “ou seja, empregos e também recursos que deixarão de ser gerados aqui”, destacou Paim.

Ao defender o entendimento entre os dois países, o senador ressaltou que “o Brasil é um parceiro estratégico para a Argentina, assim como a Argentina é um parceiro estratégico para o Brasil”. Ele declarou que o Parlamento do Mercosul (Parlasul) precisa se reunir para debater questões como essas, mas que isso não vinha ocorrendo justamente pela falta de participação dos representantes da Argentina. No entanto, Paim lembrou que está prevista para esta terça-feira (19) uma reunião do Parlasul com a presença dos argentinos.

A representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Tatiana Lacerda Prazeres informou que as exportações brasileiras para a Argentina caíram 11% entre janeiro e maio deste ano. No entanto, ela frisou que “não são apenas as barreiras que provocam tal situação; a economia argentina passa por um momento difícil”.

Apesar desses problemas, o comércio entre os dois países ainda é expressivo. A Argentina é importante para o comércio exterior brasileiro, disse ela, apresentado dados que comprovam essa situação.

Segundo Tatiana, a Argentina é o terceiro principal destino das exportações brasileiras, com 8,9% de participação, após China (16,6%) e Estados Unidos (9,7%). Também é a terceira maior origem das importações brasileiras (7,6%), após Estados Unidos (14,9%) e China (14,1%).

De Brasília
Com agências