Deputada Isaura Lemos concede entrevista ao Jornal Opção

Em visita ao Jornal Opção na manhã desta quinta-feira (14), a deputada estadual, Isaura Lemos (PCdoB) falou sobre o atual cenário político ante o desenrolar da Operação Monte Carlo e também sobre o Projeto Eleitoral do PCdoB deste ano.

Ketllyn Fernandes
Em seu quarto mandato como deputada estadual, a atual presidente do PCdoB local, Isaura Lemos oficializou sua pré-candidatura à prefeitura de Goiânia. Em levantamentos realizados desde dezembro do ano passado e também recentemente, em pesquisa feita em maio pelo instituto Serpes, ela aparece como segunda colocada, com 8,1% das intenções de voto na capital.

A atual cena política para a eleição em Goiânia conta com a busca pela reeleição do prefeito Paulo Garcia (PT), e as decisões por parte do PPS e do PSDB, além do PTB. Nos dois primeiros casos, resta a decisão de que nome lançar. O PPS vive um impasse interno entre o professor Walter Chaves e o empresário Luciano Carneiro. O tucano Leonardo Vilela se tornou hoje ex-pré-candidato, depois que sua candidatura foi enfraquecida pelo escândalo Cachoeira; abrindo a possibilidade entre os deputados Fábio Souza e João Campos. O deputado Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara, tem insistido em lançar candidatura própria, embora denúncias referentes à Operação Monte Carlo também tenham ofuscado sua pré-candidatura.

Em visita ao Jornal Opção na manhã desta quinta-feira (14), a deputada estadual Isaura Lemos falou sobre o atual cenário político ante o desenrolar da Operação Monte Carlo – que abre espaço para outras legendas – e também sobre suas propostas, que podem ser resumidas à inclusão social da classe menos favorecida de Goiânia a direitos fundamentais como saúde, educação e melhores oportunidades de vida. “Com esses últimos acontecimentos, alguns pré-candidatos deixaram de crescer e assim meu nome tem se consolidado, então estamos entusiasmados, mas não nos deslumbramos, apenas consideramos como sendo referências importantes e nós queremos estar presentes no segundo turno”. Confira a entrevista:

Jornal Opção:
Foram apresentados outros nomes para disputar à eleição na capital?
Dep. Isaura Lemos: Não, pois desde o início, devido às pesquisas de opinião que já vinham sendo realizadas, o meu nome foi tido como o mais oportuno para o PCdoB. Ser mulher também me favoreceu neste sentido. Em reuniões do partido e também por parte da população, eu sempre recebi muito estimulo, a exemplo da presidente Dilma, que demonstra essa capacidade de cuidar das pessoas.

Jornal Opção: Na visão da candidata Isaura Lemos, quais os aspectos que mais precisam de atenção em Goiânia?
Dep. Isaura Lemos: O mais necessário neste momento é reorientar os serviços públicos, principalmente os da área da saúde. Temos, como o governo Dilma, o desejo de zerar com a miséria, pois atualmente 2,2% da população se encontra nesta linha de pobreza e esta será nossa prioridade máxima, com foco local. Iremos orientar as pessoas que se encontram nesta situação e também encaminhá-las para projetos como o Bolsa Família, pois a situação dessas pessoas é tão séria que elas sequer sabem buscar por auxílio. Vejo esse aspecto, inclusive, como sendo falta de vontade política. Paralelo a isso focaremos na saúde.

J.O:
De que forma se daria essa junção?
Isaura: Por exemplo, não adianta melhorar o serviço prestado pelo Samu, se ao chegar ao hospital o paciente é recebido por uma estrutura desapropriada, falta de quartos, pessoas nos corredores. Essa situação é inadmissível, por isso buscaremos revolucionar a gestão deste setor por meio de parceria com o Estado. Somos o pólo da região metropolitana, não atendemos só a capital, questão que atualmente é desconsiderada. Hoje existe apenas uma câmara deliberativa, que trata da questão do transporte público, precisamos criar outras, para os demais setores. Assim, estaremos atendendo aos interesses da população e não só de empresas, pois falta uma fiscalização mais rigorosa neste sentido, por exemplo, na área de transporte público, falta até abrigos aos passageiros. Os contratos públicos deveriam ser colocados ao acesso da população, às vezes, até parlamentares encontram dificuldades de verificar esses contratos, por isso penso que o acesso deveria ser mais amplo.

J.O: Em relação à educação e à inclusão de jovens no mercado de trabalho, quais as perspectivas?
Isaura: Trabalharemos para aumentar o número de vagas em Cmeis, esta é uma situação muito triste, ver crianças cuidando de crianças porque as mães precisam trabalhar e faltam vagas nos já existentes. Tem também a questão da violência. Jovens, na etapa tida como sendo a melhor da vida, entre 15 e 25 anos, fora da série adequada às suas idades ou então fora da escola, o que eleva o índice de violência, que em Goiás está entre os mais altos e em 2012 extrapolou os índices, chegando a 905 assassinatos em cinco meses.

J.O: O PCdoB local trabalha com algum projeto para este aspecto?
Isaura: Sim, além de uma ampla campanha de esclarecimento, buscaremos realizar um trabalho conjunto com o Estado na intenção de coibir o tráfico de drogas, como já tem sido feito nas fronteiras pelo atual governo, além de trabalhar com a prevenção. Quanto à educação, considero fundamental aumentar o número de escolas de tempo integral. Vejo a educação como investimento, não como gasto. Com isso, as crianças além de aprender terão acesso a esportes, arte, e poderão desenvolver talentos. Falta capacitação aos jovens, então pretendo também neste aspecto buscar parceria com o governo estadual para qualificá-los e assim encaminhá-los ao mercado de trabalho.


J.O: 
Sobre alianças partidárias, alguma já foi firmada?
IsauraTemos o PPL [Partido Pátria Livre] como coligado e no momento temos conversas em estágio avançado com outros partidos.

J.O: Quais partidos estão neste estágio avançado de negociação?
Isaura: Não podemos divulgar ainda, pois alguns têm mandatos e não seria ético no momento. Discutiremos isso mais profundamente na convenção do partido neste sábado e uma comissão foi criada especificamente para tratar desta questão. Temos até o dia 30 para finalizar este processo.

 

J.O:
Para concluir, qual sua avaliação ante o cenário para as eleições deste ano em meio à Operação Monte Carlo?
Isaura: Com esses últimos acontecimentos, alguns pré-candidatos deixaram de crescer e assim meu nome tem se consolidado, então estamos entusiasmados, mas não nos deslumbramos, apenas consideramos como sendo referências importantes e nós queremos estar presentes no segundo turno. Penso que ainda estamos em plena evolução dos acontecimentos da operação, a cada dia surgem fatos novos da investigação da Polícia Federal, noticiados pela imprensa e isso tem tumultuado muito o cenário político atual. A tendência é que haja essa pulverização, porque os nomes apresentados até o momento não são tão fortes, mas por outro lado, abre espaço para grupos como o nosso, que não são ligados a grandes grupos econômicos. Esperamos que isso tudo não afete o desenvolvimento do nosso estado, do ponto de vista dos investimentos. Forças como as do nosso partido, que não se baseiam em grande grupos empresariais, têm sido colocados de forma mais competitiva neste processo.