Negociações na Rio+20 se intensificam a partir de hoje

Os negociadores da Conferência das Nações Unidas sobre Sustentabilidade, a Rio+20, intensificam a partir desta quinta-feira (14) as articulações para fechar o documento final que deverá ser assinado pelos 115 chefes de Estado e de Governo. Hoje, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que espera uma agenda positiva. Ontem, o secretário-geral da ONU para a Rio+20, o embaixador chinês Sha Zukang, endureceu suas declarações para que os líderes dos países acelerem as negociações.

Publicamente, Zukang afirmou que o mundo “está de olho” nas decisões da Rio+20. Divididos em sete grandes grupos, os negociadores só conseguiram acordar somente um quarto do texto. As divergências ainda são muitas. Desde a definição de metas até a criação de um fundo para garantir sustentabilidade.

Já Patriota, mencionou que os resultados da conferência não podem criar barreiras no comércio entre os países e empecilhos ao desenvolvimento das nações mais pobres.

“Nós temos que advertir para esses riscos. Mas há um sentimento amplamente disseminado, não apenas no Brasil. A gente está aqui em uma agenda positiva. A gente não pode criar condicionalidades, empecilhos, obstáculos. A agenda aqui é a de objetivos que congreguem, somem e, sobretudo, deem atenção às necessidades dos países menos desenvolvidos”, disse Patriota.

Teoricamente, os grupos têm até o dia 19 para resolver o impasse. O principal obstáculo se refere à definição dos chamados Objetivos do Milênio a partir de 2015. Essas metas, em termos consensuais, devem valer para todos os países envolvidos nas negociações. Uma das funções principais do encontro de alto nível é avançar nas diretrizes gerais já estabelecidas na Rio92.

Portanto, não está se falando em redigir mais um documento burocrático com metas gerais (leia-se ideais). Agora, é pra valer. Não basta mencionar a disposição para erradicar a pobreza e a fome ou mencionar a busca pelo desenvolvimento sustentável. É preciso dizer de que maneira a humanidade chegará a esses objetivos, como avançar na busca por um outro mundo possível.

Para tanto, é preciso conciliar o interesse de 193 países, respeitar a soberania dos povos e os diversos aspectos sobre o desenvolvimento sustentável, o uso adequado de tecnologias e a energia verde. Trata-se de deixar de lado a ganância, sem abrir mão do desenvolvimento e crescimento interno. Sem desculpas, como a atual crise econômica mundial, que atinge principalmente a Grécia, a Espanha, a Itália, a Irlanda e Portugal – e tentam evitar que as dificuldades internas se ampliem a tal ponto de atrapalhar ainda mais o cenário econômico da região; com exemplos concretos de discussões maduras, como a que foi colocada diante da necessidade de um novo Código Florestal brasileiro, despertando a sociedade brasileira para o tema e para o que se esconde por traz dos interesses de alguns setores.

Uma dessas propostas que precisam de maior atenção é a defendida pelo governo do Brasil e diversos países de economias em desenvolvimento, como a China, sobre a criação de um fundo de incentivo ao desenvolvimento sustentável, que começa com US$ 30 bilhões a partir de 2013, mas pode chegar a US$ 100 bilhões. Países como Canadá e Estados Unidos, entre outros desenvolvidos, se opõem a essa proposta.

Diante das indefinições, caberá um grande papel das negociações denominadas Diálogos da Sustentabilidade, a segunda parte da Rio+20, onde representantes da sociedade civil terão a oportunidade de dialogar ou, ao menos, se expressar, sobre o tema que a todos interessa. As intervenções das organizações e movimentos sociais antecedem a terceira e última parte do encontro, que reunirá os chefes e representantes de Estado e de Governo.

Outras questões externas influenciam à Rio+20 diretamente como as eleições nos Estados Unidos, cujo chefe de estado não dará o ar de sua graça por aqui. Espera-se que após tantas reuniões a portas fechadas, os negociadores saiam, enfim, com soluções e alternativas que vão além de seus discursos impregnados, em defesa do capital. E que defendam um verde de verdade, que já não existe nas florestas dos países do norte. É preciso mais energia humana para equacionar o uso sustentável das energias disponíveis no planeta.

Da redação do Vermelho com agências